Skip to content →

OZU: faixa a faixa do EP de estreia, do trip hop ao downbeat japonês

Cunhado e com auge anos 90, o trip hop nunca foi exatamente algo feito com sucesso no Brasil. Do underground de Bristol e do sucesso de grupos como Massive Attack, Portishead e Morcheeba ao downbeat japonês, sobretudo na carreira prolífica de DJ Krush, o gênero segue com algum apelo mundial. Nessa pegada que o OZU, formado em São Paulo em 2015, chega. 

Com o nome tirado do diretor Yasujiro Ozu, um dos mais influentes da história, as canções da banda trabalham com o ritmo lento e climas contemplativos típicos da mistura do trip hop (downtempo, ambient, soul, R&B) com um pé no dubstep e por aí afora.

O EP The DownBeat Sessions Vol.01 é a estreia do grupo, mas que conta com uma base experiente. Francisco Cabral, fundador da banda e tecladista é arranjador e compositor para cinema e teatro. Gustavo Santos, guitarrista, fez parte da banda paulista Jennifer-Lo-Fi, o baterista Felipe Pagliato já foi ganhador da bienal brasileira de música contemporânea e o DJ RTA já foi 3 vezes campeão brasileiro de scratch. A voz é da cantora Juliana Valle e o baixo fica por conta do João Amaral.  O disco, produzido pela própria banda, é um lançamento da Mono.Tune Records.

Abaixo, Franciso Cabral, tecladista e fundador do grupo, faz um faixa a faixa exclusivo para a Movin’ Up de um bom lançamento que indica um caminho promissor para a OZU.

 

1. Old Friend – Essa música é a primeira música da banda e por isso resolvemos abrir o EP com ela. Na verdade, essa música já tinha o beat, letra e melodia antes da banda começar. Essa é uma daquelas que já nasce pronta e sofreu pouquíssimas alterações quando fomos gravá-la para o EP. Pelo fato de já estarmos bem acostumados com ela nos damos a liberdade de improvisar bastante tocando ela ao vivo, por isso ela soa bem mais orgânica e “livre” nos shows.
 
2. Temple – Uma das primeiras também. Fiz primeiro o beat mas já pensando que seria uma música que fosse explorar bastante a melodia da voz. Queria que fosse uma música que utilizasse mais de uma região da voz da Juliana e fiz a melodia pensando nisso. É construída quase toda em torno da voz do timbre da voz da Juliana mesmo, que é lindo demais.
 
3 Alone in Town – Em um dos nossos ensaios eu roubei o pedal de delay do Gustavo (guitarrista) e pus no meu teclado pra tentar achar uns sons ou timbres diferentes e no final o que saiu foi a linha de teclado de Alone in Town, dai ela foi evoluindo e virou uma música. Acabou saindo um pouco mais pop do que o nosso padrão, mas mesmo assim achamos que ela tem a nossa cara. Estávamos ouvindo bastante Sneaker Pimps quando saiu essa música.
 
4 Just Deserts – Outra que nasceu pronta. Foi rápida de fazer e na segunda vez que tocamos olhamos um para o outro e percebemos que tínhamos uma música nova. O foco foi fazer uma música com o andamento bem lento e arrastado mas que tivesse groove. 

 

Jornalista investigativo, crítico e escritor. Publico sobre música e cultura desde 2003. Fundei a Movin' Up em 2008. Escrevi 3 livros de contos, crônicas e poemas. Venci o Prêmio de Excelência Jornalística (2019) da Sociedade Interamericana de Imprensa na categoria “Opinião” com ensaio sobre Roger Waters e o "duplipensar brasileiro" na Movin' Up.

Published in Cena BR