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Anitta, friamente

Se é possível analisar Anitta friamente (um verdadeiro desafio), comecei cometendo um erro terrível: investigar a história dela. E aí você descobre que Anitta já estava por aí há algum tempinho e que “Meiga & Abusada” e outras peças de decoração como “Menina Má” tinham feito algum sucesso, que a donzela tem 20 aninhos (i’m getting old) e que, infelizmente, namorou “””””Mr. Thug”””””, uma das ~~~cabeças~~~ por trás do Bonde da Stronda, sem dúvida uma das maiores atrocidades que esse país já produziu.

Dito isso, “Show das Poderosas” aparece como um dos grandes hits do ano. A fórmula, descarada, mergulha na obviedade de imitar Beyoncé, a líder desse movimento “bombshell girl power” pós-Spice Girls, a gostosona dona de si que bota o macho em seu lugar e convoca “todas as solteiras” pra tocar o terror.

httpv://www.youtube.com/watch?v=FGViL3CYRwg

É o “bitch mood” do “pussy is power”, da afirmação do poderio feminino no sexo, nas relações, na vida e na coisa toda. Já vimos esse filme antes. Muitas vezes. Diverte e tem algum potencial, mas a tendência é cansar rápido, bem rápido, se Anitta não tiver bons produtores com boas ideias por trás. “Show das Poderosas” tem o ótimo mote do “pre-pa-ra”, uma convocação às armas, aquele “esquenta” pré-balada que embala muita coisa por aí.

httpv://www.youtube.com/watch?v=ZCyZlt4x2fA

Anitta, que não é boba nem nada, se vale bem dos seus atributos, conseguiu cravar um grande hit e tem o apoio da Globo e afins por trás, mais “abertos” à essa temática do funk “soft porn”, é e não é, sugere e provoca mais do que escancara. É o caminho para chegar lá. É a fórmula que o pop mundial vem praticamente de maneira ostensiva nos últimos 15 anos. Anitta é “funk” zona sul que as patricinhas podem ouvir no carro com a mãe. Não dá pra ignorar o poder de um hit. E não dá pra ignorar, também, a possibilidade certeira de Anitta desaparecer tão rápido quanto surgiu, vide o próprio Naldo e suas tentativas fracassadas de emplacar outra “Amor de Chocolate”. Veremos.

No mais, fique com essa versão brilhante também.

httpv://www.youtube.com/watch?v=YptW6XaQ9ds

Jornalista investigativo, crítico e escritor. Publico sobre música e cultura desde 2003. Fundei a Movin' Up em 2008. Escrevi 3 livros de contos, crônicas e poemas. Venci o Prêmio de Excelência Jornalística (2019) da Sociedade Interamericana de Imprensa na categoria “Opinião” com ensaio sobre Roger Waters e o "duplipensar brasileiro" na Movin' Up.

Published in Destaques Singles