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O fim de uma era no Boston Celtics?

Até 2008, o Boston Celtics (maior campeão da história da NBA, com 17 títulos) amargava um jejum de mais de 20 anos, desde que o trio de estrelas Larry Bird, Kevin McHale e Robert Parish conquistaram três anéis na década de 80. Para recuperar o orgulho da franquia, o general manager Danny Ainge fez uma série de negociações e troca complicadas para trazer dois nomes de peso: Kevin Garnett, um dos melhores defensores da liga e MVP da temporada 2004 com o Minnesota Timberwolves e Ray Allen, um all-star com mais de 20 pontos de média e um monstro nos tiros de 3 pontos (tornou-se o maior pontuador de 3 da NBA nesta temporada) e lances livres.

Junto com Paul “The Truth” Pierce, draftado pelos Celtics em 1998, formaram o Big Three. Rajon Rondo, um jovem armador (na época com 22 anos e apenas 2 de liga) de extremo talento e o garrafão de Kendrick Perkins fizeram excelente campanha na temporada 2008 e caminharam para a final batendo o Los Angeles Lakers por 4 x 2. O primeiro título desde 1986.

Em 2009 uma lesão de Kevin Garnett nos playoffs complicou a equipe, que acabou perdendo para o Orlando Magic na segunda rodada dos playoffs. Em 2010, novamente na decisão contra o Lakers, foi a vez de Perkins se machucar. A equipe acabou derrotada por 4×3, entregando uma vantagem de 13 pontos no jogo final.

Em 2011 o renovado Miami Heat (com Lebron James e Chris Bosh) levou a fatura na segunda rodada por 4 x 1. Ninguém esperava muito do Celtics em 2012. A péssima campanha até a “metade” do campeonato indicava que não seria um grande ano. Após o All Star Game a história foi diferente: o segundo melhor recorde da liga. Desacreditados, todo mundo dizia que eles estavam “muito velhos”: Garnett e Allen com 36 anos e Pierce com 34 e o jogo já não era mais o mesmo.

De novo nos playoffs, bateram com alguma dificuldade o Atlanta Hawks e precisaram do jogo 7 para vencer o jovem e talentoso time do Philadelphia 76’ers. Na final da conferência, o favoritismo do Miami Heat era grande. Após vencer os 2 primeiros jogos, mesmo sem Chris Bosh, mais ainda. Os Celtics responderam com 3 vitórias seguidas e a quebra do mando de quadra. Desafiado, desacreditado e chamado de eternamente de amarelão, Lebron James, com três MVP nas costas, se igualando a grandes ícones da história (mas sem nenhum campeonato) resolveu jogar bola e destruiu nos jogos 6 e 7 para levar o Miami até a final da NBA contra o Oklahoma City Thunder.

Os C’s novamente sofreram com as lesões: Jermaine O’Neal e Jeff Green, excelentes jogadores que fizeram bastante falta, Chris Wilcox e o rookie Avery Bradley, que estava num bom campeonato até se machucar. Tudo indica que chegamos ao fim do Big 3 (transformado em Big 4 pelas atuações de Rondo).

Ray Allen e Kevin Garnett serão “agentes livres” no fim da temporada e poderão assinar com qualquer equipe. Os dois podem escolher a aposentadoria, partir para um último desafio em outra franquia ou aceitar uma redução drástica de salário para permanecer no Boston, o que acho difícil. Allen ganha 10 milhões de dólares por ano e Garnett mais de 20 milhões, consumindo todo o “salary cap” do Boston. Com a saída das duas estrelas, os C’s terão muito dinheiro para gastar em novas contratações, além de 3 escolhas no draft desse ano.

É o fim de uma era vitoriosa, que poderia ter sido ainda melhor, mas que deixou na lembrança um time fantástico, de garra e técnica absurda. Mesmo com as trapalhadas de Danny Ainge, tudo indica que o Celtics tem plenas condições de continuar sendo um dos 5 melhores times da NBA se bem administrado. Veremos.

httpv://www.youtube.com/watch?v=ehmwmpBoiF4

Mais:

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Jornalista investigativo, crítico e escritor. Publico sobre música e cultura desde 2003. Fundei a Movin' Up em 2008. Escrevi 3 livros de contos, crônicas e poemas. Venci o Prêmio de Excelência Jornalística (2019) da Sociedade Interamericana de Imprensa na categoria “Opinião” com ensaio sobre Roger Waters e o "duplipensar brasileiro" na Movin' Up.

Published in Destaques Esportes