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Três visões:
Beatriz Mendes na Carta Capital:
A palavra metá vem do dialeto iorubá e significa “três”. Como durante as apresentações os arranjos das músicas ficavam mais pesados, surgiu a brincadeira de chamar o trio de MetaL MetaL. “Gravar o disco foi um processo muito natural, ele é resultado das transformações que oMetá Metá passava no palco. A gente já tocava todas as músicas durante os shows”, conta Dinucci, que para este trabalho assumiu a guitarra. Conhecido na atual cena por seu jeito único e inovador de tocar violão (que, segundo ele, é fruto de sua falta de técnica), Kiko quer agora investir no novo instrumento. “Eu já tinha uma formação de guitarra, mas tinha abandonado há um tempo e agora estou voltando. Quero fazer com a guitarra o que eu fiz com o violão, tentar desenvolver uma assinatura”, afirma. Marcelo Cabral no baixo, Samba Sam na percussão e Sergio Machado na bateria completam a banda.
Algumas das nove faixas de MetaL MetaL já faziam parte de outros trabalhos de Kiko. São Jorgefoi originalmente gravada no disco Padê, de 2009, assinado pelo músico e por Juçara. Rainha das Cabeças é do álbum Pastiche Nagô, lançado em 2008, e foi composta por Dinucci e por Douglas Germano, com quem tem em parceria o álbum Retrato do Artista quando pede, também de 2008, resultado do projeto intitulado Duo Moviola. “Como eu, a Juçara e o Thiago tocávamos essas músicas nos shows, elas foram mudando com a gente, ganhando um formato diferente, ficando mais pesadas. Por isso a gente decidiu incluí-las no MetaL MetaL”, resume. No repertório também há uma versão para Tristeza Não, de Alice Ruiz e Itamar Assumpção, um dos grandes ídolos de Kiko.
Yuri de Castro, no Fita Bruta.
“Exu” funciona como um prólogo não somente de introdução, mas também de conexão. O ritual de “MetaL MetaL” é oferecido sem explicação aos presentes como em um terreiro. Explicação você pega na escola, nos preconceitos da classe média, baixa e alta para com a cultura afro-brasileira. Se você chegou até aqui, se você pisou os pés no chão, você dança. E, a partir de “Oya”, “MetaL MetaL” será feito de pequenos auges construídos por habilidades que foram construídas com o tempo. A de Juçara Marçal é quase cínica. É possível uma terrível confusão do ouvinte ao ouvir a voz da cantora que, destra e maliciosa, passa do riso ao ódio sonoro em questões de minuto. Ao vivo, são aterradoras as possibilidades que Juçara traz ao trio. Em “São Jorge”, Marçal derruba uma tropa inteira, joga guimba nos olhos do soldado e surge imponente de armadura e roupas do protetor. Como se fosse intocável, como se estivesse ungida. A melhor do disco.
“MetaL MetaL era uma brincadeira que fazíamos quando o show do primeiro disco começava a ficar mais agressivo. Com a necessidade de gravar um disco inteiro tocado de um modo mais pesado, assumimos o nome, que carrega uma ironia sobre o que é tocar rock hoje em dia. O rock se desgastou muito, se fechou em regras, ficou careta, reacionário. Debatemos o rock como jeito de tocar, atitude, isso vai além de apenas um gênero”, explica Kiko Dinucci, guitarrista, violonista e compositor de seis das nove faixas do trabalho, três delas em parceria com Douglas Germano.
“MetaL MetaL tem uma sonoridade que não deixa nada a dever a qualquer som de rock que eu conheço e, além disso, tem uma atitude de experimentar, de buscar a liberdade expressiva, de deixar o groove se impor e sentir o corpo entrar no transe. Há algo mais rock que isso?”, completa a cantora Juçara Marçal.