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Last FM, Grooveshark e o futuro da música

Download é coisa do passado. Para que gastar tempo baixando, ocupando espaço em disco e infringindo a lei se você pode ouvir qualquer música na web em streaming de boa qualidade com apenas um clique?

Faz um tempinho que os serviços de streaming explodiram na web: além das (literalmente) milhões de rádios online disponíveis, serviços como a Last FM ganharam popularidade.

Como nem tudo é tão bom quanto parece, a Last FM anunciou que, desde quarta feira passada, países fora da tríade EUA-Alemanha-Reino Unido terão que pagar 3 euros por mês para ter acesso à sua biblioteca online. E isso inclui o Brasil. O scrobbling e as listas, ao que parece, continuam grátis.

É uma perda chata, mas plenamente contornável. E se explica: ao contrário do que pode parecer, redes sociais famosas não são exatamente uma mina de dinheiro. O YouTube, por exemplo, dá prejuízo de 1,6 milhões de dólares por dia ao Google. Os custos de armazenamento e manutenção das redes simplesmente não se pagam pelo retorno que dão. Apesar do ganho indireto enorme, dos milhões de usuários atrelados ao seu serviço e do poderia econômico que uma empresa como o Google tem. Não à toa anúncios começaram a ser inseridos em todos os vídeos do Tubo. O que não existia antes.

Sucesso absoluto as redes sociais são, porque se baseiam na essência da web: teia, inter-relacionamento entre as pessoas. Mas o caminho para que se tornem sustentáveis ainda estão sendo descobertos.

O grande trunfo da Last FM é a possibilidade de se ter um levantamento concreto, um diagnóstico, do que o usuário ouviu ao longo da semana, mês, ano…criar listas, favoritos, indicações, ter fóruns movimentados, integração com as bandas e uma rede já consolidada. Um simples link da Last responde para qualquer chato aquela pergunta de “que banda você ouve” ou “que estilo você gosta?”. E ainda faz com que este pentelho possa criar sua própria conta.

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O Grooveshark, um desses serviços que surgem na esteira da Last, ainda tem muito caminho para alcançar todos estes pontos que a “‘Última FM”, ou seja, “o conceito máximo de rádio moderna, criada e alimentada pelos próprios usuários”, conseguiu.

Mas tem seus pontos a favor: o layout é bonito, a navegabilidade é ótima, intuitiva, explora muito bem as janelas, abas e seções deslizáveis, fundindo a base do windows, com o funcionalismo do firefox e o visual consagrado da Apple. Os caras não são bobos. E talentosos.

Além disso, é um serviço sem complicação: para acessá-lo e ouvir a música que se quer você não precisa tampouco ser usuário registrado. É só entrar, escolher e dar play. The last frontier. E, ao contrário da Last FM ou outros, você ouve exatamente a música pretendida, e não artistas semelhantes ao que você estava buscando. Direto, efetivo. Tem integração com o twitter e outras sociais, coisa que a maioria dos serviços ainda não fazem com a devida preocupação.

Testei similares como a Blip FM. Sinceramente, achei horrível. Layout medonho, navegabilidade péssima…o serviço todo soa muito como uma versão beta de algum progr-amador.

O Grooveshark é, no fundo, a evolução da Pandora. Serviço que começou promissor, com design e ofertas semelhantes, mas acabou ficando restrito e caindo no esquecimento.

Esse é o futuro. E o presente. Streaming direto, de boa qualidade, com biblioteca de milhões de artistas de todos os estilos devidamente organizados. Fáceis de entender, acessar e usar. Interligado com todas as redes sociais possíveis. Algo que não era viável até poucos anos atrás: a programação estava engatinhando, a internet era lenta e as sociais network sequer existiam (em sua maioria).

Com o crescimento da internet móvel, wi-fi, 3G, o barateamento do acesso e dos aparelhos que suportam estas características (atualmente temos disponíveis no mercado aparelhos novos, como o Nokia N800, por R$ 500), rapidamente não será necessário aquele processo chato de baixar música, plugar um cabo no PC, transferir o arquivo para o IPod, o celular, ouvir…depois repetir tudo isto novamente para trocar as faixas, etc. O bluetooth é menos trabalhoso, mas igualmente chato. Bastará acessar a rede, em qualquer lugar, a um custo baixo, fazer o playlist e escutar. A qualquer tempo, qualquer lugar, com praticamente todos os artistas e estilos do mundo, disponíveis gratuitamente. Tudo com um aparelho poderoso, útil e barato ao alcance de boa parte da população.

E isto afeta inclusive a venda de mp3 digital: que faz a festa do ITunes, Napster e outros serviços, vendendo bilhões de faixas. O que era considerado o próximo passo pode estar obsoleto muito mais rápido do que se imaginava, secando até esta fonte de renda.E os artistas, como vão lucrar? Espalhando sua música gratuitamente em todos os meios possíveis e com isso gerando público e interesse para os seus shows e atividades.

Mais outro tópico para as gravadoras se preocuparem e outra frente para quem realmente gosta de música se esbaldar. Beautiful.

Published in Destaques Mundo