Num tempo em que pessoas são presas no mundo inteiro por fazer download de “material ilegal” (há um ótimo panorama da questão aqui) e que artistas como Thom Yorke, do Radiohead, questionam com alguma razão o modelo de remuneração de serviços de streaming como o Spotify, assim como plataformas a exemplo do Deezer e Rdio se “popularizam” no Brasil, Moby parece pegar a questão pela jugular.
Além de defender a descriminalização do download, Moby disponibiliza oficialmente seu novo disco, “Innocents”, em torrent e, ainda mais, incentiva que as pessoas façam o próprio remix da sua música, com cada camada das faixas destrinchadas no Bundle, disponíveis para download, criando um canal exclusivo para o remix dos fãs. Não é de se espantar que uma iniciativa do tipo venha de um artista da música eletrônica, território em que, por excelência, a troca de material mútuo entre os artistas, o uso de samplers, remixes, mashups e etc são bem comuns.
Afirma Moby:
uma das coisas que eu amo sobre o presente do digital é o modo como as pessoas podem superar as antigas e arbitrárias barreiras da criação e do acesso. pessoalmente, sou um grande fã do conceito de dialética. é fantástico que coisas como o bittorrent estejam disponíveis, com o compartilhamento da informação e as fronteiras entre criador e audiência sejam finalmente eliminadas.
É uma postura corajosa, de um artista do mainstream da música mundial, ainda que de um nicho específico. Num tempo em que a indústria tenta tudo para criminalizar o usuário, caçando sites de compartilhamento, vídeos no You Tube, posts em redes sociais, etc, ainda totalmente incapaz de lidar com a internet após todo esse tempo.
Ao contrário de Moby, poucos artistas tem coragem para endossar algo semelhante. E, do seu alcance, menos ainda. Baixa e ouça “Innocents”, um belo disco que segue na ótima trilha da retomada do ótimo nível da carreira de Moby a partir de “Last Night”, de 2008.