A impressão que se tem é que o Chemical Brothers se afundou rápido com o peso de ter lançado dois clássicos instantâneos da música eletrônica na década de 90: “Exit Planet Dust” e “Dig Your Own Hole” permanecem obras únicas, repletas de ótimos momentos e um punch muitíssimo bem explorado. Na sequencia, lançaram 2 discos no máximo medianos, entrando no século XXI com o bom “Come With Us”. “Push The Button” e “We Are The Night” mantiveram o nível um pouco acima da média, apesar de já sem o mesmo fôlego e as ideias de antes.
Até chegarmos ao recém-lançado “Further”, o pior disco da carreira da dupla. Perdido, totalmente derivativo e aborrecido, soa como uma grande reciclagem de épocas anteriores, quase que estranhamente fincado nos anos 80 (“Another World” ainda é feliz nisso), nem sombra do que já produziram antes. “Snow” dá o tom da obra: etérea e ambiente sem chegar a lugar algum. “Escape Velocity”, o primeiro single, é talvez o melhor momento. Com sua batida inicial chupada de “Baba O’Rilley”, do The Who – impossível não pensar nessa referência ao ouvi-la – são 12 minutos aproveitáveis do disco.
Depois a coisa descamba de tal modo que “Horse Power” é um dos poucos sopros de decência. Ainda que, hum, ela tenha samplers do relinchar de cavalos. Onde chegamos. Com ausência quase completa de vocais e bateria, elementos muito bem utilizados por eles desde sempre, “Further” entrega o que a capa quer passar: um mergulho pálido e sombrio numa criatividade perdida.
Pra quem ficou conhecido também pela força dos seus shows ao vivo, “Further” é decepcionante e parece sinalizar uma canseira de alguns medalhões do house e cia da década de 90, como o Chemical e o Underworld. Falta a pimenta que os caracterizaram. Será preciso mostrar algo bem além do que está aqui para empolgar de novo. Eles ainda tem crédito suficiente para tanto.