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Nuda: estreia em Brasília e o encanto em Curitiba

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Na estreia do Nuda em Brasília, não deu pra fazer um pré-show, requisito sempre bem vindo pras melhores festas: antes, durante e depois. Ao chegar no Landscape Pub, lugar estranho, afastado do plano (láaa no Lago Norte), deu pra perceber que o público seria melhor que o esperado.

Encontrando a trupe, moída pela viagem, dava pra sentir a felicidade dos caras por estarem, após 1 ano, vivendo daquilo que gostam e acreditam, na primeira turnê nacional mais extensa da carreira. O Landscape se divide num “hall” de entrada, onde ficam os possíveis stands dos grupos que tocam e algumas mesinhas. Lá dentro, o espaço, bem pequeno, tem dois ambientes: a área do show, com palco e ar condicionado e, subindo a escada, um “lounge” com telão, bar, etc. Inferninho curioso que até hoje não sei se gostei.

Troquei uma ideia com o Scalia e assisti ao show do Monovida, banda local, fazendo seu debut nos palcos. Soa como um pop/rock bruto, a ser lapidado, com potencial. Preparando o terreno, a Nuda começou seu show com uma faixa inédita – em estúdio – atrapalhada pelo som embolado da casa. Com o tempo as coisas se ajustaram, melhorando consideravelmente.

No geral, impressiona o quanto os caras se tornaram mais agressivos ao vivo. A parede sonora criada é capaz de remeter um ouvinte mais atento a uma jam enloquecida de jazz com toques tupiniquins e muita identidade própria.

A apresentação, curta, foi explosiva e deliciosamente envolvente na medida (“A Maré Nenhuma” é, sempre, irresistível). Única coisa a se lamentar foi que faltaram músicas importantes e que adoro no repertório, como “Duns”. As faixas inéditas mostram um Nuda ainda mais experimental e intenso, lançando altas expectativas para o próximo registro.

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Os caras sumiram no “after-party” e eu comprei uma camisa azul da turnê, bem bonita por sinal. Fica também o registro da banda O Garfo, que não pude assistir, mas conheci pessoalmente o Felipe Gurgel, sempre simpático.

Antes de Brasília os malucos já tinham passado por João Pessoa, Belo Horizonte, Uberlândia, Goiânia e Cuiabá. Após, rumaram pra São Paulo (em dois shows) e Curitiba.

E é de Curitiba a foto que ilustra este post, tirada do blog oficial da turnê. E é do blog que eu reproduzo o texto abaixo, do Raphael. Não só por ser um relato apaixonado do show, como serve para ilustrar, na prática – no sentimento e no trabalho – o que uma banda independente pode conquistar com trabalho sério e música de qualidade. Como os próprios diriam: muito axé a todos!

Terça Feira, 10 de março de 2009: Terra inédita 3: Tá parecendo um especial sobre Curitiba. E é.

Só quero dar uma contextualizada nessa empolgação toda.

A banda curitibana Stella-Viva foi uma das primeiras relações de amizade e admiração que surgiram logo quando criamos nosso myspace. Desde então frequentamos a página dos caras e vice-versa, trocando comentários durante todo esse tempo até o ponto de esquematizar um show em conjunto na terra natal deles.

Para tanto, alugamos um carro aqui em Sampa e pegamos a estrada. Chegamos quase na hora do show (como foi em quase toda a turnê), direto no Wonka Bar, um lugar que de cara já nos conquistou pelo nome. Depois foi se ampliando: ambiente louco, com áreas divididas de um modo bem peculiar, um palco bonito, espaço pequeno – e, como geralmente é consequencia, aconchegante -, equipe atenciosa, público atento, e por aí seguem os elogios.

Tocamos primeiro, e até então não tinhamos tido tanto tempo pra trocar uma idéia com os Stellas. A aproximação começou no show. E aí vem o grande motivo do esparro em torno de Curitiba. Nem mesmo no show de BH a gente ouviu tantas pessoas cantando nossas músicas, o que caiu como uma luva pra mim, que já estava com a voz esganiçada pelo desgaste natural de uma turnê: pouquíssimas horas de sono, má alimentação, comemorações pós-show e socialização não combinam, definitivamente com voz cristalina.

Mas voltando ao show.

Não sabíamos o que esperar de lá, visto que a cidade ainda não tem um circuito forte de bandas independentes e Curitiba não era uma das cidades que mais visitavam nosso myspace.

Cantar ouvindo as pessoas berrando sua música é, pra usar um clichê pertinente, arrepiante. A galera conhecia todos os detalhes de todas as músicas do Menos Cor, Mais Quem, além de MAruimstad e Samba de Paleta. Assim que começamos os primeiros acordes de Colibrilho rolou aquele “uhuuuuuu!” que levanta a moral de qualquer um. “Quer saber? Dane-se a perfeição, eu vou me meergulhar nessa história” e soltei o gogó rouco sem dó. Em algumas partes deixei o mic pra galera cantar, e o pessoal sabia até a letra de Duns de cór! Eu mesmo passei um tempão pra decorá-la, teve um monte de shows no começo que eu mandava um embromation valendo. Coisas do Calisto. Quem ainda não sacou direito essa letra, fica a dica. Sou fanzasso.

O mais incrível do show foi quando tocamos “A maré nenhuma” e a galera cantou altos trechos. Peraí… mas a gente nunca lançou essa música… que macumba foi essa?

Stella-Viva novamente nos impressionando: eles pegaram a letra na nossa comunidade do orkut e curtiram tanto a poesia que ficaram com ela na cabeça. Aí foi só eles sacarem a melodia ao vivo e pronto. Mais gente no coro. Assim que fica lindo!

Foi foda demais ver um monte de gente cantando de olho fechado, balançando a cabeça, um monte de casal se beijando quando tocamos Duns. Sentir que se está proporcionando bons momentos pra outras pessoas é… ah, sei lá.

Depois veio o show do Stella-Viva e os caras moeram. Tavam em casa, a maior galera já conhecia o trabalho e tudo saiu lindo demais. Pra vós que não conheceis, acessais aqui o myspace e não se arrependerás.

Ficamos amigos (mesmo!) da galera do bar (salve David e Angélica!), do caixa, da menina da faxina, de Diego do som, conhecemos uma caralhada de outros músicos, fizemos contatos, já estamos armando uma volta. Vendemos 12 cds e demos uma porrada de autógrafo. Como não somos estrelas ao ponto de achar normal dar autógrafo, lombramos pesado no que escrevemos. Um dia, quem sabe, alguém faz uma coletânea disso tudo e disponibiliza, né? Eu mesmo gostaria de ler. =)

Fiquei acordado até as 9, junto com Scalia (Cali, Calisto, Calistoga, Vovô Smurf, Frank Zappa, Zappinha… na banda todo mundo tem muito apelido, geralmente vindo de corruptelas, então é bom mesmo eu avisar como os integrantes podem ser chamados pra ninguém ficar boiando), Judá (Aflec, Dowsley, Menoso, Ricardo Macaco) e Sérgio do Stella-Viva (ou Piero) sobre guitarras, sobre gente brigona que acha que isso é ser macho, sobre Deus e suas árvores.

Quebrados e ainda deslumbrados, voltamos pra Sampa. A gravação no estúdio da Trama nos aguardava!

É como lá em BH, depois do show n’A Obra eu falei pra Henrique (Caçapa, Quermo, Vasp, Pemps): não tem como não se querer viver disso.

Imenso abraço ao Stella-Viva pela breve mas calorosa recepção. Obrigado demais ao público Curitibano pela grata surpresa. Valeu todo mundo que veio trocar idéia, que comprou cd, que fechou o olho e balançou a cabeça. A gente volta logo mais, pra saudade não sufocar e pro peito explodir.

Paz.

Published in Reviews de Shows