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Festival de Inverno: o pop mineiro de Skank e Pato Fu

Chegando à sua quarta edição, o Festival de Inverno de Brasília trouxe, na sua segunda noite, duas bandas surgidas no início dos anos 90 que são símbolo do pop mineiro: Skank e Pato Fu. Pop, sim, mas bem diversas em seu tamanho e estilo. Enquanto o Skank elencou hits por 1 hora e meia no palco principal, o Pato Fu fez show mais curto no palco alternativo, esquentando para a atração principal, Jorge Ben.

Difícil pensar em uma (boa) banda pop dos anos 90, com quase 20 anos de carreira, que tenha sobrevivido (e permanecido) tão bem no mainstream. O show do Skank é uma sequencia incrível de hits como pouquíssimos grupos podem proporcionar. De sucessos antigos como “Jackie Tequila”, cantada praticamente pela plateia, “Esmola” e a regravação “É Proibido Fumar” até “Ainda Gosto Dela”, “Noites de um Verão Qualquer” e a balada “Sutilmente”, todas do último disco, “Estandarte”, a banda mantém o bom nível.

Samuel, Henrique, Lelo e Haroldo experimentaram o sucesso assombroso desde a estreia, potencializada assustadoramente pela trinca “Calango” (94), “O Samba Poconé” (96) e “Siderado” (98). O trunfo do quarteto foi ter conseguido passar da mistura azeitada de pop, ska, reggae e rock com apelo único em refrães grudentos, clips bem trabalhados, músicas em trilhas de novelas globais para uma música levemente mais sofisticada (principalmente em “Cosmotron” e “Carrossel”), sem abandonar as características citadas anteriormente.

É a mistura da fórmula de sucesso com inegável talento e busca de novos horizontes, quase sempre inevitáveis. “Estandarte” representa bem os dois mundos do Skank, tanto nos três hits já citados como em faixas que mostram o tempero caprichado dos 4. Ao vivo, a banda tem natural domínio da plateia, e coloca sucesso atrás de sucesso, no que parece um bom “melhores momentos” de uma carreira que jamais registrou algum disco ruim.

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Em época de Copa, a inevitável “É Uma Partida de Futebol” foi entremeada por leves críticas ao time e a convocação de Dunga por Samuel Rosa e comentários sobre o torneio em si. O naipe de metais, sempre bem utilizado, contribui desde as músicas com acento ska até as deliberadamente pop. “Garota Nacional”, já quase no fim, parece que envelheceu com propriedade até aqui e foi recebida calorosamente. “Balada Do Amor Inabalável”, “Vou Deixar”, “Amores Imperfeitos” e “Vamos Fugir” foram outros momentos de ovação garantida.

Show do Skank é isso: certeza de ouvir sucessos de várias épocas, músicas para cantar junto e uma mínima dose de improviso, como no solo eletro-psicodélico do teclado de Henrique Portugal. Resumo de uma carreira de respeito, pra quem goste ou não do quarteto mineiro. Posição que fizeram (muito) por merecer.

Fazendo uma apresentação no meio da “mini cidade cenográfica” inspirada na terra natal de Juscelino Kubitschek, Diamantina (nome também do palco), o Pato Fu mostrou porque é uma das bandas alternativas mais queridas do país. Longe dos milhões de disco e do mainstream maciço do Skank, a trupe mineira sempre se caracterizou pela inteligência (das músicas, da administração da carreira, dos clips, etc) e pela irreverência, desnecessário listar.

Fincado sob a base do casal John Ulhoa (guitarrista e principal compositor) e Fernanda Takai (que conseguiu firmar-se como vocalista de respeito), é necessário dizer que o caldo toma corpo também na cozinha do baixista Ricardo Koctus (discreto mas fundamental, em estúdio e ao vivo), na bateria de Xande e no teclado de Lulu Camargo (e antes Dudu Tsuda).

Com disco novo a ser lançado em breve já anunciado (“Música de Brinquedo”), a banda teve de escolher algumas das principais faixas entre os 9 álbuns de estúdio, com tempo reduzido de show. Nada a comprometer o apelo que “Anormal”, “Ando Meio Desligado”, “Mamãe Ama É O Meu Revólver”, “Antes Que Seja Tarde” e “Canção Pra Você Viver Mais” tem.

Da parte “engraçadinha” “Uh uh uh, Lá lá lá, Ié Ié” e o duo de “Made In Japan” e “Capetão 66.6 FM”, brincadeira com os clichês do metal, estiveram presentes. “Agridoce”, “Sobre o Tempo”, “Depois” e até “Primavera”, de Tim Maia, fecharam o concerto dando um resumo de tudo que o Pato Fu representa e construiu. Uma boa pedida é conferir o recém-inaugurado canal da banda no YouTube, com todos os clips lançados até hoje.

Como o Skank, show do Pato Fu é garantia de boa música, por motivos diferentes. Duas amostras consecutivas do melhor que o pop mineiro pode oferecer.

Fotos: Equipe do Festival

Published in Destaques Reviews de Shows