Não confunda o doidão da foto acima. “Spleen”, o nome genérico, pode ser tanto Rob Ellis, baterista da PJ Harvey (e outros), que tem carreira solo e uma banda de eletro-rock dinamarquesa. O Spleen em questão é Mathieu Dalmae, legítimo fruto do caldeirão étnico, cultural e social explosivo que a França se tornou especialmente na última década.
A grata surpresa do Festival Internacional de Música de Brasília, tremendamente mal organizado e tão falho que sequer merece maiores considerações. Sobrou o show do Spleen e a apresentação expressa de Arnaldo Antunes, que fica para um próximo post.
Estar diante de um artista totalmente desconhecido tem enormes vantagens. Quando ele te surpreende pro bem, mais delicioso ainda. Spleen entrou no palco imitando os trejeitos de Ray Charles, óculos escuros e dancinha igual. Mas o som era um rock instrumental longe do óbvio, com uma banda potente e afiada.
Na melhor escola vocal da música negra, Spleen explorou seu imenso alcance em notas desde as mais baixas até as mais altas, brincando com falsetes e graves extremos. Performer, showman.
A música jamais ficou apenas no rock. Cada composição adentrava um terreno diferente: legítimos soul, funk, hip hop, prog (!?), reggae, dance. Spleen parece determinado em proporcionar uma imersão em cada estilo que aprecia. E faz isso muito bem. Vai do punch a calmaria com muita propriedade numa mesma canção. Do rock pesado ao reggae em poucos segundos. E tudo soa orgânico, empolgante, bem feito.
No conforto de casa, ouvir as faixas em estúdio não tem o mesmo impacto, mas Dalmae foi uma grata surpresa de uma noite despretensiosa de segunda-feira. Vai lá.