No plano de se tornar um dos principais esportes do mundo, os games sem dúvida são parte fundamental da estratégia. E se o UFC (Dana White) gosta de alardear que a marca vale hoje 1 bilhão de dólares, algo pra lá de questionável, a audiência tanto na TV aberta quanto na TV paga nos Estados Unidos (que costuma atingir, quando muito, 5 milhões de pessoas) está longe do ideal.
Não é por acaso, portanto, que o Brasil ocupe lugar de destaque nos planos do UFC. Não é por acaso que este Undisputed 3 esteja todo traduzido para o português, que o chute de Anderson Silva em Belfort seja a imagem principal do game (tanto aqui quanto lá fora), que o Ultimate Fighter está acontecendo aqui, além dos 4 eventos por ano e da parceria com a Globo, independente da emissora não parecer lá muito preocupada em respeitar o público, a exemplo da última luta de Cigano x Mir, que foi anunciada que seria transmitida ao vivo mas foi ao ar gravada.
Dana White está pouco ligando, como o próprio disse, com isso. Conseguiram entrar na principal emissora aberta aqui, atingindo público 5 ou 6 vezes maior que nos Estados Unidos e coisa que ele nunca conseguiu fazer no Canadá, por exemplo, o segundo mercado. Ajuda muito a ligação histórica do Brasil com o MMA e o UFC, além dos vários lutadores de elite que temos. Para entender melhor isso, recomendo o livro “Filho Teu Não Foge À Luta”, de Fellipe Awi.
Felizmente a THQ desenvolveu este jogo por 2 anos, ao contrário da regra da maioria dos títulos de esporte que lançam game todo ano e 90% das vezes trata-se apenas de “melhorias” capengas e atualizações de atletas em relação ao ano anterior (né, EA Sports?). A evolução desse Undisputed 3 em comparação com o anterior, de 2010, é impressionante.
3 coisas são o destaque principal: a luta no chão, que antes precisava do domínio de um jogador expert pra se dar bem, está muito mais intuitiva, simplificada e fácil, incluindo até um gráfico durante uma finalização que facilita tanto para quem executa quanto para escapar do golpe. A inclusão do Pride, adquirido pelo UFC em 2010, dá um charme todo especial.
Estão lá toda a reprodução do histórico evento japonês, com suas entradas pirotécnicas no ringue, a chamada ensandecida da produtora japa, os golpes mais “incisivos” que são proibidos no UFC e a presença de lutadores exclusivos, como Royce Gracie, Bob Sapp, Murilo Bustamante e Kazuhiro Nakamura.
O modo carreira representa a maior evolução. Agora há a possibilidade de começar tanto com qualquer lutador do UFC (como se fosse um rookie) quanto criando seu próprio personagem. Ao contrário do menu confuso e da enrolação de antes, a carreira se foca no que realmente importa: as lutas. Você começa na World Fighting Alliance e vai evoluindo conforme as vitórias ou derrotas, casando as lutas como achar melhor e acompanhando as indicações: luta substituta (que dão mais dinheiro), luta com oponente de ranking acima ou abaixo de você, luta olheiro UFC, pelo título, etc.
httpv://www.youtube.com/watch?v=6ALjFbALao8
Entre as lutas, você tem a opção de fazer duas ações (ou 1 ou nenhuma se a luta for substituta). E essas ações servem para variar o treino diário na academia, que vai aumentar as suas habilidades (força, velocidade, cardio e trabalho de pernas). Escolher uma estratégia para a próxima luta que, se bem executada, resultará em ganho de habilidades e leve perda em outros.
Você também pode aprender golpes novos (e são dezenas deles) nas diferentes academias disponíveis. O Undisputed 3 reproduz algumas academias reais ao redor do mundo, como a Black House, de Anderson Silva, Lyoto Machida, José Aldo, Minotauro, etc, a American Kickboxing Academy, de Cain Velasquez, a Jackson’s Mixed Martial Arts, de Jon Jones e George Saint-Pierre e outras. Cada academia guarda golpes específicos que você poderá aprender de acordo com a lealdade, o tempo de permanência, etc.
Interessante também são os clips gravados com lutadores reais que ilustram os diferentes momentos da sua carreira: a primeira vitória, primeira disputa pelo título, defesa de cinturão, o dia-a-dia de treinamento, tudo legendado em português e com depoimentos bacanas que dão mais “realidade” ao gameplay.
É possível editar absolutamente todas as características do seu lutador: da aparência física até a entrada no octógno, a comemoração de vitória e a relação com os patrocinadores (banner, roupas, etc). O dinheiro ganho com as lutas serve para comprar novos itens e adquirir melhores programas de treinamento e parceiros de sparring. Seu lutador fará 48 lutas até encerrar a carreira (são 4 por ano) e durante esse período você será convidado para lutar em diferentes eventos do UFC e também no Pride, concorrerá a “lutador do ano”, “finalização do ano”, “nocaute do ano” e “luta do ano”, podendo ser incluído no Hall da Fama do UFC. De negativo apenas as opções de treinamento, que poderiam ser mais variadas. Quando o lutador se aposenta, ele permanece disponível para lutar na lista de lutadores aposentados.
Os mais de 200 lutadores disponíveis e as melhorias na mecânica do combate, a atualização dos jogadores e nas opções do jogo em si fazem do Undisputed 3 sem dúvida um excelente título (que mereceu nota 9 no IGN). Durante a E3 2012 Dana White anunciou que o próximo jogo do UFC terá o desenvolvimento da EA Sports, a principal desenvolvedora de títulos esportivos do mundo. Resta ver até onde eles poderão melhorar o ótimo trabalho que a THQ fez até aqui.