Skip to content →

O instrumental minimalista do Confeitaria

Minas Gerais tem uma vasta tradição na música instrumental, chegando ao ponto de ter sua própria escola, a “música torta mineira”, de Toninho Horta a Uakti, de Marco Antônio Araújo a Esdra Neném Ferreira, de símbolos como o BDMG Instrumental, prêmio que todo ano seleciona músicos locais focados no segmento, enfim, do tradicional ao independente, MG tem lastro e não é pouco. Daí, natural que algumas das melhores bandas instrumentais do país sejam mineiras: Dibigode, Iconili, Constantina e por aí afora.

O Confeitaria, nova cria de Gabriel Murilo e Lucas Mortimer, aposta no minimalismo. Se bebe inegavelmente na fonte do post-rock, fincado na tríade guitarra-baixo-bateria, quando muito, o trio agrega também um pouco do krautrock do Neu! e outras referências para enriquecer seu som, aumentando o experimentalismo ao vivo, de acordo com a proposta. Das três músicas lançadas, disponíveis acima, os 18 minutos de “Enero” são destaque, ainda que, por vezes, careça de um dinamismo maior e uma variação de harmonia mais convincente. A música do Confeitaria, no entanto, faz jus ao estilo contemplativo-esporrento-ambiente-silêncio-explosão das influências que tem.

Após alguns shows em Belo Horizonte, os dois desembarcam no fim do mês em Barcelona. Vale a pena acompanhá-los no Facebook.

Jornalista investigativo, crítico e escritor. Publico sobre música e cultura desde 2003. Fundei a Movin' Up em 2008. Escrevi 3 livros de contos, crônicas e poemas. Venci o Prêmio de Excelência Jornalística (2019) da Sociedade Interamericana de Imprensa na categoria “Opinião” com ensaio sobre Roger Waters e o "duplipensar brasileiro" na Movin' Up.

Published in Cena BR