Domingo ensolarado, céu azul, brisa gostosa batendo no lombo, vou finalmente ouvir um dos discos mais comentados do ano: Sem Nostalgia, do baiano-carioca Lucas Santtana. Difícil pensar numa combinação musical melhor. A intenção explícita já no release de tentar subverter o padrão do “voz e violão” é plenamente alcançada. Como o título entrega, o álbum não chega nem perto de cheirar a naftalina.
Santtana, aliás, produz um disco “moderno” sem cair nos clichês e armadilhas dos climinhas e truquezinhos que a maioria adora. Há, sim, samples, uso de ambientações, softwares, etc. Mas tudo orgânico, fluído, bem colocado, sem exageros e trabalhando a favor da música.
“Cira, Regina e Nana”, “Amor em Jacumã” e “Cá Pra Nós” é tudo que a música brasileira deveria ser e não consegue. Na maioria das vezes. O trunfo de Santtana é não ser auto-indulgente, egocêntrico. As melhores faixas instrumentais, “O Violão de Mario Bros” e “Super Violão Mashup”, por exemplo, jamais caem no virtuosismo despropositado ou duram mais do que deviam. São intermezzos agradáveis, interessantes, que introduzem ou preparam a ponte para o que vem a seguir.
“Who Can Say Which Way”, “Night Time in The Backyard”, “Hold Me In” e “I Can’t Live Far From Music” exalam aquela brasilidade típica de quando tupiniquins cantam em inglês sem resvalar na paródia. São músicas deliciosas carregadas de tradição que ao mesmo tempo conseguem ir além do cancioneiro batido, da obviedade.
“Sem Nostalgia” pode ser cravado tranquilamente como um dos melhores do ano, recompensando o tempo gasto nele com ótimas composições que provavelmente irão te conquistar de prima, pedindo para serem degustadas novamente.
Você pode ouvir o disco gratuitamente em streaming na rádio UOL.