O LCD Soundsystem não conhece fracasso: “Losing My Edge”, “Disco Infiltrator” e “Daft Punk Is Playing At My House” colocaram James Murphy instantaneamente no hall de nomes intocáveis do eletrônico. Não era pra tanto, mas merecido. “Sound Of Silver” bateu forte: o teste do segundo disco transformou-se na consagração mundial. Arrebatou todos os elogios da crítica e mostrou James Murphy um tanto além da primeira investida.
Realmente, no fim, “SOS” foi um dos melhores discos eletrônicos da década passada, sem dúvidas. Daí a expectativa para “This Is Happening”, o terceiro ato, anunciado como “o último”. Quando o disco vazou, duas semanas atrás, a ejaculação precoce indie falou alto ao tascar “melhor do ano” e outras loas costumeiras por aí.
Apesar disso (sempre um sinal ruim), fui ouvir a bolachinha virtual com tudo a favor de Murphy. Mas não dá pra aliviar: “This Is Happening” é sofrível, muito abaixo dos outros e insuportável em alguns momentos. Até começa bem com “Dance Yrself Clean”, talvez o melhor momento. “Drunk Girls” é mediana, assim como “One Touch”. Depois vem o abismo: “All I Want”, “Change”, “You Wanted A Hit”, a criminosamente medonha “Pow Pow”, “Somebody’s Calling Me” e “Home”, aceitável. 65 minutos que passam dolorosamente.
Os motivos são muitos. A fórmula do “disco-punk-dance-eletro-pop-cool” cansou. As faixas soam arrastadas, modorrentas, navegando em círculos e esticadas até o limite da paciência. A chupinhação de Bowie, Byrne e outras boas referências pop de épocas distintas soa gratuita, pálida, preguiçosa. É muita reciclagem pra pouca inspiração. Não engrena, não vinga. Não faz dançar, não embala, empolga ou conquista com bons ganchos, melodias e passagens diferenciadas. É chato, chato, chato.
Pura masturbação. Puro engodo. O único motivo para alguém cair de amores perante isto aqui são os dois discos anteriores. Ou, ao contrário, como pra mim: James Murphy realmente é tão bom quanto acreditamos um dia ou “This Is Happening” expõe uma maçaroca indigerível e sem graça que já estava presente ali? Um pouco dos dois.
Obrigado pelos serviços, James. Se este for mesmo seu último ato. Caso pise no Brasil novamente, tentarei conferir o show, que ainda tem boas chances de prestar, como anteriormente. Melhoras.