2011 começou com um fôlego impressionante: além do ótimo álbum do Gang Of Four – que cresceu muito após algumas audições – já temos três outros candidatos a figurar entre os melhores do ano. “Hardcore Will Never Die, But You Will” – título que já evidencia o humor peculiar dos escoceses do Mogwai – mostra que não foi feito no automático, ficando acima do mediano “The Hawk Is Howling”. Se guarda semelhanças de timbres e estruturas com muito do que já fizeram, há espaço para experimentalismos como “Mexican Grand Prix” e trás pelo menos três belezinhas: “Rano Pano”, “San Pedro” e “George Square Thatcher Death Party”. O melhor é constatar que o Mogwai consegue se manter longe do terreno planificado do post-rock e imprime variações e identidade suficientes a cada álbum para merecer o status que têm. Boatos dão conta de que a banda deve vir ao Brasil em 2011 para tocar no festival “No Ar Coquetel Molotov” em Recife – e a partir daí no mínimo uma data em São Paulo seria mais que normal.
Quem voltou depois de longo hiato foi o Cake. “Showroom Of Compassion” é o primeiro disco deles desde “Pressure Chief”, de 2004. Acusada de ser “banda de um hit só” e menosprezada por muitos, sempre tive bastante carinho e interesse pelo Cake. O pop safado de influências funky, alternativas e country é único e gostoso de se ouvir. Este sexto trabalho mostra que não perderam a mão. “Got To Move” – candidata a nova queridinha do repertório – “Italian Guy”, “Long Time”, “Mustache Man” e “Sick Of You” mostram John McCrea e Vince DiFiore, os líderes do grupo, inspirados. É álbum para manter quem já gostava e longe de atrair novos ouvintes. É o Cake de sempre, azeitado e com ótimos momentos.
Também chegando ao sexto disco – mas em 9 anos, marca impressionante – o Decemberists faz parte dessa leva de agremiações indie’s que apostam no alt. folk/country, grosso modo, com dezenas de instrumentos e capricho nas melodias. “The King Is Dead” tem paralelo óbvio com o clássico “The Queen Is Dead” dos Smiths. E já é um dos álbuns mais belos do ano. “Down By The Water” fala alto e tem pinta de clássico instantâneo, irresistível. “Don’t Carry It All”, “Calamity Song” e “This Is Why We Fight” completam o quarteto de possíveis destaques. As influências de REM, dentre tantas, escorrem aqui: felizmente das melhores coisas da banda citada. “The King Is Dead” tem o mérito de pisar um pouco no freio da tendência megalomaníaca e exagerada da banda. É mais simples, coeso e ensolarado, como a capa ilustra bem. Menos rococó. Mais punch e mais fincado na atualidade. Obra que merece ficar no repeat por muito tempo.
2011 começou com uma leva de discos que não se via há vários anos. Dá gosto assim.