Foram 40 dias de programação quase ininterrupta em diversos espaços de BH com shows de inúmeros estilos musicais, participações inéditas e uma mescla de novos nomes da música brasileira com ícones consagrados que funcionou bem, muito bem. Impressiona a amplitude do Conexão Vivo. Naturalmente, pude ver apenas parte disso, perdendo lamentavelmente os dias 25 e 26 de maio no Parque Municipal por estar fora da cidade, o que inclui shows de Porcas Borboletas, Marku Ribas, Móveis Coloniais de Acaju, Karina Buhr e Tulipa Ruiz. Alguns, como o de Karina, muito bem comentado.
Mas segue aí o top 10 do que eu pude ver desse caldo todo:
1. Cidadão Instigado
Possível show do ano. Catatau e trupe puderam explorar todas as texturas, timbres e a riqueza absurda do seu som favorecidos pela acústica perfeita (perfeita) do Grande Teatro do Palácio das Artes. O que dá a noção exata do que é a música dos caras, prejudicada em outros espaços. Sem dúvida uma das melhores bandas do país.
2. Marcelo Jeneci
Entre os primeiros shows solo, antes do lançamento do disco, quando ainda era apresentado como “parceiro de Chico César / Arnaldo Antunes/Vanessa da Mata/etc” e a estreia de “Feito Pra Acabar”, que abocanhou todas as listas de melhores de 2010 da crítica especializada junto com Tulipa Ruiz, incluindo a da Movin’ Up (em voto de 40 jornalistas), Jeneci cresceu bastante.
Assista: “Café Com Leite de Rosas”
3. Di Melo (com Black Sonora)
Figura folclórica, de sotaque, carisma e força irresistível, Di Melo sabe usar a palavra tanto nas ótimas músicas quanto no discurso que faz entre uma faixa e outra, quase numa língua própria. Com um filme no prelo e mais de 400 novas músicas acumuladas, prontas para serem gravadas, Di Melo torna possível utilizar a palavra “gênio” sem banalizar.
Assista: “A Vida Em Seus Métodos Diz Calma”
4. Lenine & Tulipa Ruiz & Pedro Morais
Lenine é o máximo que a MPB mainstream pode chegar no encontro com o rock. E isto, diga-se, é um elogio. Seu som é pesado, realmente pesado para seu estilo, a banda de apoio é excelente, adicionando punch nos acordes tortos e nas estruturas bem trabalhadas do pernambucano. O cabra é bom compositor e também sabe trabalhar com as pessoas certas, não dá pra negar. E aqui me refiro especialmente a Lula Queiroga e Bráulio Tavares, velhos parceiros de composição, fundamentais no som e nas letras de Lenine.
5. Otto
No auge, fez um show inspirado e muito melhor que o anterior em BH. Cantou, interagiu e fez troça.
6. Moraes Moreira & Lucas Santtana & Márcia Castro
Moraes, ícone, mandou músicas próprias e dos inevitáveis Novos Baianos, além do discurso afiado. Márcia Castro foi uma boa surpresa enquanto Lucas Santtana é sempre muito bom.
7. Yamandu Costa & Gilvan de Oliveira & Juarez Moreira
No formato trio, Yamandu Costa debulhou sua habilidade rara com a habitual presença convidando dois outros mestres da música instrumental mineira. Arrebatador.
8. Marina Machado & Chico Amaral
Com impressionante performance de palco, boas músicas no currículo, a casa na mão e o sax marcante de Chico Amaral, Marina Machado jogou com a plateia ganha e fez bonito.
9. Cobra Coral & Ed Motta
Flávio Henrique, Kadu Vianna, Mariana Nunes e Pedro Morais formam um quarteto de respeito, fazendo harmonias vocais maravilhosas. Ed Motta, sempre exibicionista além da conta, não atrapalhou. Assista “Doce Ilusão”.
10. Julgamento & Nathy Faria & Marku Ribas
Uma das melhores novidades do rap mineiro, com bases pesadas, banda completa e letras certeiras, contaram ainda com as ótimas participações do figuraça Marku Ribas e da desafiadora Nathy Faria.