Skip to content →

Movin’ Up #02: Pseudo-críticos, pseudo-leitores, pseudo-músicos

A número dois pode ser lida com todas as imagens e a formatação original neste link. A matéria é de 20 de Abril de 2008.

Pseudo-críticos, pseudo-leitores, pseudo-músicos

Cuidado com o que fala, filho. Você será mal interpretado. Não é uma possibilidade, mas uma certeza: os meandros do processo cognitivo que existem entre a expressão de uma idéia e a sua captação pelo leitor sem dúvida levarão à distorções, desencontros, pontas soltas, arestas, absurdos, expectativas, decepções, cólera, desprezo, admiração – um turbilhão de sentimentos, possibilidades, inquietações.Agora. Está ocorrendo neste momento.

“Pseudo” é um termo pop. Bastante adorado. Parece que quem recorre a ele, para chamar alguém de “pseudo-alguma coisa”, julga-se investido de uma autoridade ímpar, de uma espécie de qualificação especial que, “naturalmente”, coloca-o acima daquele a quem acusou. Ora, presume-se que, se tal pessoa foi capaz de indicar outra como “pseudo”, é porque ela automaticamente está apta a ser um exemplar genuíno daquilo e, por isso, não suporta a existência daquele que rebaixa a categoria a que pertence.

Pseudo significa falso. Tudo aquilo que não chega a ser, por inteiro, o que se pretende. É algo pretenso a, que aspira uma posição que ainda não alcançou e que ele crê que já possui. Um embuste. Uma enganação. Algo que não merece crédito e confiança, não vale a pena.

Apontar o dedo e gritar infantilmente “pseudo-intelectual”, “pseudo-pai”, “pseudo-escritor”, “pseudo-qualquer coisa” é o argumento mais fácil que se dispõe para tentar desqualificar algo de modo elegante. De uma maneira, ironicamente falando, polida. A própria idéia de alguém que usa a palavra é de um ser que não se rebaixa a xingamentos injustificáveis e, como já dito, quer imbuir-se da capacidade mínima de “tecer” uma “crítica”.

Parece no mínimo perigoso, para usar um eufemismo, imputar a alcunha de pseudo. Porque parte-se do pressuposto de que você sabe o que é real, o que seria um perfeito exemplar daquela espécie. Para dizermos que algo é falso, precisamos primeiro saber o que é “verdadeiro”. O que seria a idéia perfeita e inquestionável de um “verdadeiro intelectual”, um “verdadeiro músico”. Quais as características que este ser precisa ter, o que o leva a tal posto, como sua constituição atinge aquela idéia pré-concebida de que, agora sim, aleluia, ele é um representante “autêntico” daquilo. Se você é capaz de fazê-lo, leitor, considere-se bastante invejado por mim. Se alguém tem o dom de, no alto da arrogância e do conhecimento, poder dizer o que é real e o que não é, tal ser sem dúvida merece mais atenção.

E apenas porque sou alguém muito arrogante, estúpido e inconseqüente, afirmo: em essência, que não existe, todos somos pseudos. Representações de. Arremedos de profissionais, pensadores, leitores, músicos, seres humanos. Espectros frágeis e pálidos de convenções, autenticações tacitamente acordadas, imposições, conceitos “puros” e inalcançáveis de algo que precisamos ser e nunca conseguimos. Nem conseguiremos. Nossa eterna frustração parte da ânsia de encontrar o mundo idílico das realizações plenas. A idéia de. E a idéia de algo nunca é a forma como ela se apresenta na prática. E, sendo o mundo composto de ilusões e prateleiras…pronto, formatado para, esperando apenas o encaixe, chega a ser cômico que sejamos tão ferozes na ânsia de conseguir espaço nessa brincadeira.

O leitor mais impaciente e “perspicaz” deve estar pensando agora: mas que bela porcaria, entro num site de rock para me manter informado e encontro um jornalista babaca bancando o filósofo. Sugestão de ofensa: pseudo-excremento.

Difícil conseguir ir mais baixo que isto. E, na verdade, é um bela sentença. Beira a poesia.

Não me importa. Achando ou não qualquer impropério desta ou de outras naturezas, não faz a mínima diferença. E apenas porque tenho prazer em ser chato e cutucar a ferida, porque disponho do meu tempo para almejar fazer com que pensemos um pouco mais, prossigo. Não há dúvida: tenho orgulho da minha ignorância. Aquele papo socrático de “só sei que nada sei” é o que me permite reconhecer minha infinita estupidez e, a partir disto, tentar, pelo menos tentar, melhorar e aprender algo, não sendo tão sendo t permite reconhecer minha infinita estupidez e, a partir disto, tentar, pelo menos tentar, melhorar e aprender algo, no estúpido, medíocre, desonesto e arrogante. Repito: tentar.

Sejamos francos uma vez na vida. Não existem leitores, músicos, críticos, jornalistas, pesquisadores, médicos, coveiros, atletas, banqueiros, floristas…que mereçam qualquer alcunha. Se somos todos pseudo – eu incluso – é porque passamos a vida inteira aspirando a. Achamos que sabemos ler. Achamos que podemos tecer uma “crítica” sobre alguma coisa. Dizer o que presta e o que não. Representando uma impossibilidade que, pasmem, nos deixa frustrados, vergonhosos, aflitos, infelizes, etc.

Seria mais belo afirmar: não sou coisa alguma. Nem quero ser. No máximo, posso estar, sob condições muito específicas, estar sendo algo. Mas nunca o mesmo.

A idéia é absurda e não aceitamos simplesmente porque o mais díficil é lidar com a impermanência da vida. A constante transformação e incerteza. Precisamos de parâmetros, bases sólidas, seguranças, conforto, dogmas, axiomas, padrões, concepções, conceitos fechados, ao mesmo tempo em que tudo explode em calor e frio, além de inúmeras outras sensações e mudanças, através de nós. O humano vive e sempre viverá neste paradoxo.

Tragamos então para o mundo da música, que é onde nos encontramos. Honestamente, 99% dos críticos que eu conheço/leio/descubro não entendem absolutamente NADA de música. E aqui repito pela última vez neste texto, o resto acrescentem por conta própria. Novamente: eu incluso. Não passam de embusteiros, uns com maior talento, outros com menos. Alguns, no entanto, escrevem razoavelmente bem, o que faz com que seu repertório de obviedades soem belos e convincentes. Há os que caem em reflexões mais elaboradas, acertando eventualmente, sem contudo não fazer a mínima idéia do que quis dizer e totalmente cônscio da bobagem que está ali. Outros desenvolvem uma capacidade admirável de escrever o básico com um apelo interessante. Há uns bons medianos, que tem lá lapsos de criatividade e compensam o resto com esforço e pesquisa. E a imensa maioria é de uma pavorosidade assustadora.

Não sabem de música, nem de língua portuguesa, nem de crítica, de cultura, nada. 75% (num prospecto otimista) são amadores. Jornalistas formados de fato constituem uma exceção neste meio – e em alguns nichos são verdadeira raridade. Boa parte destes “jornalistas”, contudo, também não fazem muito melhor que aqueles que não são. Treinados desde sempre para serem macaquitos fiéis e obedientes a regras e técnicas, não sobra tempo, não tem a capacidade, o interesse e/ou esquecem de pensar, buscar, descobrir, ler, ver, ouvir…

Em contrapartida, 101% dos leitores, do “público”, acha que sabe ler. Acha. E aí você soma um cenário desolador de um lado, com produtores de conteúdo patéticos e medonhos, com leitores estúpidos e arrogantes, ficando o resultado por sua própria conta. Eu leio há algum tempo e até hoje não aprendi. Escrevo há alguns anos e ainda estou aprendendo a. Músicos? O que seria um “músico de verdade”? Quantos deles “sabem o que estão fazendo”? E, quantos daqueles que “não sabem o que estão fazendo”, fazem muito melhor do que aqueles que acham que sabem? O que é música pra você? Como você a sente? E/ou, quais estilos consome?

Vou além: por excelência, pela própria “natureza” da profissão, o jornalista é um pseudo-tudo. Possui um conhecimento muito superficial, pontual e resenhístico da maioria dos assuntos que aborda – ou é obrigado a abordar – criando uma inteligência no mínimo duvidosa e residual, quase descartável e comprometida miseravelmente com o tempo (e a pressão de), sem necessidade de reflexão e muitas vezes limado se é atrevido a tanto. Informação rápida e de alto consumo. O que, óbvio, sendo bastante taxativo, acaba nivelando a classe por baixo, daí que a própria capacidade de explanar brevemente torna-se identificável pela qualidade do que ele faz. É preciso talento, tato, dedicação e inteligência para ser ignorante. Até para isso é necessário.

Num cenário mais otimista, dá pra dizer que há bastante gente “boa” por aí. Escribas com um maior senso do que fazem e um maior background cultural nas costas – o que facilita o processo de comparações, valoração, balanço, avaliação. Bem como leitores mais preparados, capazes de pensar, que diminuem a intensidade do ruído entre o que ele tem contato e como absorve.

Se somos todos burros, estúpidos e limitados, além de pretensiosos, pseudos e reféns de maniqueísmos e sentenças, bem, vamos tentar viver neste mundinho glorioso. É divertido, afinal. Temos boas opções nas prateleiras reais e virtuais por aí. Bom, ressalta-se, para que o meu filtro, meu background, meus ouvidos e minha pretensa posição de tentar ser crítico de alguma coisa – que, claro, parte de alguns princípios e de uma experiência “real” – diz que é.

Na verdade, que não existe, um bom crítico é aquele que sabe enganar seu público com argumentos. E este o aceita, mesmo cônscio das falácias, porque, afinal, aquilo soa bem, não conseguiriam fazer melhor.

Pra mim, me satisfaço se incomodar. Num sentido construtivo ou não, “positivo” ou “negativo”. Se as bobagens que digo servirem para fazer alguém pensar e dar dicas interessantes de o que quer que seja, fazendo-o buscar outras coisas, caindo num círculo virtuoso, leve quando tempo levar e independente dos tropeços, tá ótimo. Nunca se sabe o que vai acontecer. Viva os “autênticos pseudos”. Que a infinda e maravilhosa ignorância coletiva sirva para alguma coisa. Depende de nós. Sem excusas. Vamos agora ao que interessa.

***************

A seguir, uma formatação simples: uma banda, uma descrição, um site onde você poderá ouvir o som. Alguns nomes que, parece-me, merecem atenção no cenário alternativo. Depois, cinco brevíssimas resenhas-comentários sobre alguns lançamentos recentes. Por último, o meu top 100 2007 com álbuns que foram lançados ano passado. Aproveitem e divirtam-se.

***************

Cenário Alternativo Brasileiro – Alguns Destaques

Nocet

Cidade: Santa Maria – RS

Estilo: Rock

O que é? O baixista e vocalista Marcus Molina explica “o nome vem do latim e significa “nocivo”. Alguns ditados daquela ‘língua morta’ referenciaram a escolha do nome, tipo: “Quod abunda no nocet” – o tradicional “o que abunda não prejudica” e, “Quod nocet saep docet” – “aquilo que é nocivo, ensina”. Sem muita preocupação com rótulos, a Nocet se define como um “Power Trio” que tem o rock como essência das suas composições e, que dispensa a seus shows energia e volume ‘no talo’. Oferecemos uma ‘possibilidade de cura para a surdez cultural’ que barbariza o mundo em surtos periódicos.”

Ouça: www.myspace.com/nocet

Herod Layne

Cidade: São Paulo – SP

Estilo: Post Rock

O que é? O guitarrista Sachalf cita alguns feitos e tenta resumir a sonoridade: “Em 2007, Herod Layne participou do concurso “Arnold Layne”, competição

mundial online promovida por David Gilmour, e foi classificada entre as dez melhores versões para a canção. O estilo da banda abrange diversas influências que vão do space-rock do Pink Floyd ao post-rock do Mogwai, passando pelo som anárquico do Godspeed You! Black Emperor, as ambiências do God Is An Astronaut e o noise do Sonic Youth. O objetivo da nossa música é levar ao ouvinte não mensagens diretas e explícitas, mas a oportunidade de introspectivamente conseguir extrair

do som o sentimento que melhor lhe convier. É uma música para ser ouvida e desfrutada com 100% de atenção.’

Ouça: www.myspace.com/herodlayne

Sibberia

Cidade: Aracaju – SE

Estilo: Pop/Rock

O que é? Ismael Vieira, baterista, resume: “Somos uma banda enraizada no pop rock nacional, porém que não se rende a modismos ou conceitos enlatados. Há uma clara busca a elementos vibrantes do rock’n roll e presentes não apenas nas melodias, mas também no cuidado todo especial com as letras , sempre buscando apresentar elementos poéticos. Acreditamos que para ser pop não precisa ser descartável, pode, e deve, ter conteúdo.”

Ouça: www.palcomp3.com.br/sibberia

Ecos Falsos

Cidade: São Paulo – SP

Estilo: Indie

O que é? Gustavo Falso descreve a proposta da banda, bem humorada: “O Ecos Falsos é uma banda de rock, no sentido mais amplo do termo: fazem música urgente, ácida, crítica, às vezes amarga mas sempre feliz com o que faz. Gostariam, mas não atendem por nenhum gênero específico porque fazem música de acordo com o que sentem no momento: às vezes punk, às vezes Frank Zappa, às vezes Queens Of The Stone Age, às vezes pura sacanagem. Não se levam à sério como rockstars, mas defendem o que dizem e os fãs que conquistaram com suas ações, unhas e dentes. Não se parecem com nada à primeira ouvida, e por mais que isso os atrapalhe comercialmente, não saberiam fazer de outra forma. E como dá muito trabalho explicar tudo isso, inventaram um rótulo: pós-boyband. Porque, além de tudo, são uns gatos.”

Ouça: www.myspace.com/ecosfalsos

Venus Volts

Cidade: Campinas – SP

Estilo: Indie Rock

O que é? Pelle, guitarra e vocal, dá sua palavra: “Venus volts é uma banda que investe em não ser aquilo que todos acham que é. O som vai remeter a várias influências/segmentos, mas o que a banda tem conseguido é não ser encaixada em nenhum desses segmentos, mostrando, assim, um som genuinamente próprio! As distorções do underground, flashs de psicodelismo, melodias suaves contrastando com outras mais nervosas, estão lá, combinando-se, mas tentando fugir do óbvio.”

Ouça: www.myspace.com/venusvolts

Subtropicais

Cidade: Porto Alegre – RS

Estilo: Rock/Experimental

O que é? Leonardo Brawl, baixista, define: “Ao aproximar diferentes vertentes da música contemporânea, buscamos apresentar uma profunda fusão de estilos e ritmos da música brasileira sob uma base forte de rock, com grande naturalidade, competência e a sutileza de abusar da medida certa da experimentação.”

Ouça: www.myspace.com/subtropicais

**************

Resenhas

Moby – Last Night – 2008 – *****

O melhor trabalho desde “Play”, de 1999, parece ser a primeira coisa que vêm a cabeça de quem ouve este novo “Last Night”. Não que isto seja exatamente um feito. Moby não andou tão inspirado desde lá. E olhe que eu tenho “Play” em muito boa conta. Pra ser sincero, considero um dos melhores álbuns de música eletrônica já lançados.

Last Night traz conexões com aquela pequena obra-prima. É Moby se retro-alimentando de seu melhor material, e experimentando novos ritmos e sons, sempre com aquela batida negra, por vezes dançante, outras melancólica, melodias belíssimas e envolventes, soul music, piano, cordas, vocais, uma ponte digna e absolutamente bem construída sob o que ele fazia uma década atrás, e para o que busca agora. Isto é o que os fãs do carequinha vegan polêmico estavam esperando. Suculento, de se lamber os dedos. E apertar “play” muitas vezes seguidas. 😉

Detalhe: o disco todo pode ser ouvido na íntegra no Myspace, disponibilizado pelo próprio artista.

Confira: www.myspace.com/moby

Morcheeba – Dive Deep – 2008 – ****

Sexto trabalho de estúdio dos ingleses, “Dive Deep” ainda é o Morcheeba achando seu caminho após a saída da vocalista Skye Edwards, em 2002, uma perda imensa.

Um dos principais – e melhores – nomes do trip hop, produziram alguns álbuns fundamentais do estilo, como “Who Can You Trust?” e “Big Calm”. Para suprir a falta de Skye, uma série de participações especiais e vocais diferentes foram convidados. O resultado? Digno de constar na discografia com algum destaque e uma nova identidade que, óbvio, mantém muitas das características que os fizeram tão reconhecidos – downtempo, jazz, harmonias, ambientalizações envolventes – com uma aproximação talvez ainda maior ao hip hop, mas sem comprometer. “Riverbed”, “Run Honey Run” e “One Love Karma” denotam que o grupo pode sobreviver bem sem uma de suas principais peças.

Myspace: www.myspace.com/morcheeba

Raconteurs – Consolers Of The Lonely – 2008 – ***

“Broken Boy Soldier” foi um dos maiores arrasa-quarteirão de 2006. O projeto paralelo de Jack White chamou a atenção e deu vida à figura de Brendan Benson, sendo bem recebido. Músicas safadamente rockers, com riffs pegajosos e melodias inspiradas mergulhadas numa camada pop sofisticada, flertando com outros estilos como o alt. country davam o tom da obra, que possuía faixas marcantes, cheias de um punch sussurrado, digamos. Desse modo, “Consolers Of The Lonely” é frustrante. Primeiro porque não tem a pegada do anterior, e seus melhores momentos são bem inferiores ao do álbum de estréia. A melodia veio desmesuradamente açucarada com as composições, parecem, no “automático”, seguindo uma fórmula redonda e bem feita, mas que cansa.

Myspace: www.myspace.com/theraconteurs

A Silver Mt. Zion – 13 Blues For Thirteen Moons – 2008 – ***

Há vezes em que a música dita “de vanguarda”, experimental, ou estranha, introspectiva, fragmentada, “avant-garde”, se excede, tornando-se mais uma simulação, uma proposição de si mesma, do que aquilo que eles mesmos intentam como música. Formado por Efrim Menuck, Thierry Amar e Sophie Trudeau, três ex-integrantes do Godspeed You! Black Emperor – talvez a melhor e referência máxima do post-rock, bem como a que mais me encanta – o grupo, que atende por consideráveis variações de seu nome, enquadra-se em todos os termos citados no início e alguns outros. “13 Blues”, com um foco mais pesado e “barulhento” que os antecessores, fica no meio do caminho. O excesso de vocais também incomoda, não apenas porque os tons são proposidatamente “diferentes”, mas porque a “desarmonia orientada” não funcionou muito bem. Independente de qualquer escorregão, Thee Silver Mt. Zion Memorial Orchestra & Tra La La Band é pra se ouvir com fone de ouvido.

Myspace: www.myspace.com/silvermtzion

Futureheads – This Is Not The World – 2008 – ****

Na onda revival do pós-punk, que já dura alguns anos e na qual o Gang Of Four é uma das maiores fontes de inspiração – para a nossa sorte – o Futureheads, que inclusive conta com a benção de Andy Gill, é um dos mais competentes. “This Is Not The World” têm todas as características do estilo supracitado, trazido e atualizado para o final da primeira década do século. Ross Millard, Dave e Barry Hyde e David Craig sugam descaradamente aquilo que bem lhes convém, e, mais importante, realizam um bom trabalho. Um dos casos em que a influência flagrante contribui positivamente para o resultado final, dado o talento e a capacidade daqueles que a executam. “The Beginning Of The Twist” – da série “fazemos títulos legais” – , “Think Tonight”, “Hard To Bear” e “Everythings Changing Today” são motivos suficientes para destacá-los na cena, com seus refrães marcantes e timbres bem escolhidos, gostosos e energéticos.

Myspace: www.myspace.com/thefutureheads

***************

Top 100 – 2007

Abaixo listo 100 álbuns lançados em 2007 ouvidos por mim. Muita coisa teve que ficar de fora, e outros tantos não consegui ouvir. Embora já estejamos no segundo trimestre de 2008, meu objetivo com esta lista é, talvez, dar dicas de alguns nomes interessantes que os leitores possam procurar. A classificação é sempre reducionista e arbitrária, porém válida, já que torna possível para o público ter uma breve noção da minha impressão crítica de cada CD. Ao contrário de usar as tradicionais 5 estrelinhas em “péssimo, ruim, bom, etc”, minha legenda deve ser interpretada da seguinte forma:

* – Esquecível e doloroso.

** – Duas ou três faixas se salvam, o resto agride.

*** – pode ser ótimo às vezes, mas fica no meio do caminho.

**** – aspirando ao olimpo, bem acima da média.

***** – Genial. Sublime. Clássico, moderno ou não.

Não houve preocupação em necessariamente listar primeiro os “melhores”. Os álbuns estão dispostos de forma aleatória através das 100 posições, com a classificação falando por si.

1. Wilco – Sky Blue Sky (*****)

2. Radiohead – In Rainbows (*****)

3. Arcade Fire – Neon Bible(*****)

4. White Stripes – Icky Thump(****)

5. Air – Pocket Symphony (****)

6. LCD Soundsystem – Sound Of Silver (*****)

7. Burial – Untrue (****)

8. Underworld – Oblivion With Bells (****)

9. PJ Harvey – White Chalk (*****)

10. Arctic Monkeys – Favourite Worst Nightmare (****)

11. Simian Mobile Disco – Attack Decay Sustain Release (****)

12. Manic Street Preaches – Send Away The Tigers (****)

13. Amy Winehouse – Back To Black (****)

14. Dark Tranquillity – Fiction (****)

15. Hurtmold – Hurtmold (*****)

16. God Is An Astronaut – Far From Refuge (****)

17. Interpol – Our Love To Admire (****)

18. Black Rebel Motorcycle Club – Baby 81 (***)

19. Explosions In The Sky – All Of A Sudden I Miss Everyone (***)

20. Carla Bruni – No Promises (****)

21. Robert Plant/Alisson Krauss – Rising Sand (****)

22. Megadeth – United Abominations (****)

23. Paradise Lost – In Réquiem (*****)

24. Yndi Halda – Enjoy Eternal Bliss (****)

25. Stereophonics – Pull The Pin (****)

26. Justice – Cross (****)

27. Do May Say Think – You, You’re A History In A Rush (****)

28. Chemical Brothers – We Are The Night (***)

29. Neal Morse – Sola Scriptura (****)

30. Queens Of The Stone Age – Era Vulgaris (***)

31. Ira! – Invisível DJ (****)

32. Nação Zumbi – Fome de Tudo (***)

33. Gui Boratto – Chromophobia (***)

34. Satanique Samba Trio – Sangrou (****)

35. Orquestra Imperial – Carnaval Só No Ano Que Vem (****)

36. Bon Iver – For Emma, Forever Ago (***)

37. Ben Harper – Lifeline (***)

38. Beirut – The Flying Club Cup (****)

39. Dream Theater – Systematic Chaos (****)

40. Symphony X – Paradise Lost (****)

41. Pain Of Salvation – Scarsick (***)

42. Napalm Death – Smear Campaign (****)

43. Ozzy Osbourne – Black Rain (****)

44. Dinossaur Jr. – Beyond (****)

45. Type O Negative – Dead Again (***)

46. Maroon 5 – It Won’t Be Soon Before Long (***)

47. Bruce Springsteen – Magic (***)

48. Planet X – Quantum (****)

49. Marina de La Riva – Marina de La Riva (***)

50. Fino Coletivo – Fino Coletivo (****)

51. Travis – The Boy With No Name (***)

52. Kaiser Chiefs – Yours Truly, Angry Mob (***)

53. Smashing Pumpkins – Zeitgeist (**)

54. Rush – Snakes & Arrows (****)

55. WASP – Dominator (***)

56. Bloc Party – A Weekend In The City (***)

57. Klaxons – Myths Of The Near Future (***)

58. Feist – The Reminder (***)

59. Paul McCartney – Memory Almost Full (***)

60. Vanessa da Mata – Sim (****)

61. Rufus Wainwright – Release The Stars (***)

62. Beastie Boys – Mix Up (***)

63. Ministry – The Last Sucker (****)

64. Bebel Gilberto – Momento (****)

65. Akron/Family – Love Is Simple (****)

66. Hot Hot Heat – Happiness Ltd. (***)

67. Art Brut – It’s A Bit Complicated (***)

68. Sodom – The Final Sign of Evil (****)

69. Eluvium – Copia (***)

70. Björk – Volta (***)

71. Nine Inch Nails – Year Zero (***)

72. Scorpions – Humanity Hour I (****)

73. Therion – Gothic Kaballah (****)

74. UDO – Mastercutor (***)

75. The Hives – The Black And White Album (***)

76. Stooges – The Weirdness (***)

77. Machine Head – The Blackening (****)

78. Silverchair – Young Modern (****)

79. Band Of Horses – Cease To Begin (***)

80. Paulinho da Viola – Acústico MTV (****)

81. Digitalism – Idealism (****)

82. Battles – Mirrored (*****)

83. Modest Mouse – We Were Dead Before The Ship Even Sank (***)

84. Super Furry Animals – Hey Venus (***)

85. Kings Of Leon – Because Of The Times (***)

86. Bad Brains – Build A Nation (**)

87. The Good The Bad & The Queen – The Good The Bad & The Queen (**)

88. King Diamond – Give Me Your Soul…Please (***)

89. Jorge Benjor – Recuerdos de Asunción 443 (***)

90. Bad Religion – New Maps Of Hell (***)

91. Europe – Secret Society (***)

92. Mukeka Di Rato – Carne (***)

93. Foo Fighters – Echoes, Silence, Patience & Grace (***)

94. Porcupine Tree – Fear Of A Blank Planet (***)

95. Jesu – Conqueror (***)

96. Kanye West – Graduation (****)

97. Rakes – Ten New Messages (**)

98. Nego Moçambique – La Rumba Computer (***)

99. Ryan Adams – Easy Tiger (**)

100. Kamelot – The Ghost Opera (**)

Published in Especiais