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Labirinto: trilhando caminhos sombrios

O Labirinto é uma das bandas preferidas aqui da casa. E por um motivo bem simples: são uma das melhores bandas do país. Com um já clássico álbum no currículo (“Anatema”, de 2011) e vários EP’s bem produzidos, a banda lançou, em 13, um split com o thisquietarmy (que você pode ouvir aqui) aprofundando ainda mais as influências de metal, doom, avant-garde e afins.

Sempre com ótima recepção lá fora, o Labirinto não para de produzir, excursionar e se aventurar em outros projetos, como o recém criado Lühm †††, descrito como “texturas e melodias fantasmagóricas, timbres infernais, o Lühm explora sonoridades irrequietas para transportar o ouvinte ao mais profundo martírio auditivo”. Coisa fina. Confira o papo com Erick Cruxen.

Movin’ Up – Porque a opção de lançar esse split e como conheceram o pessoal do thisquietarmy?

Erick Cruxen – Tocamos com o thisquietarmy na segunda tour que fizemos pela América do Norte; e no início do ano, voltamos a nos apresentar juntos em alguns shows pela Europa. Surgiu uma grande amizade entre o Labirinto e Eric Quach, além da admiração que já tínhamos pelo seu trabalho. Assim, tivemos a ideia dessa empreitada, que contava ainda, com a tour do canadense pelo Brasil. O split configurou-se em uma parceria dos selos gringos Pirate Ship (E.U.A) Dissenso Records (Brasil) e Consouling Sounds (Bélgica)

Movin’ Up – Poderia falar um pouco sobre o processo de composição das três faixas, “Tahrir”, “Diluvium” e “11 Palmos”?

Erick Cruxen – Essas músicas se diferenciam das anteriores, pois foram muito fomentadas em conjunto, durante os ensaios. Eu apresentava alguma ideia na guitarra, outro nos sintetizadores, e já íamos desenvolvendo a música, com os diversos instrumentos presentes. Essas composições tiveram a participação de muita gente, todos contribuindo no processo de criação. Conseguimos fazer ensaios mais longos e específicos para isso, já que tínhamos um prazo para entregar as músicas prontas. Nós não víamos a hora de executá-las ao vivo; e o retorno foi incrível.

Movin’ Up – Esse split, pra mim, aprofunda bastante as influências de Bathory, especialmente de “Blood Fire Death” em diante e de metal em geral, coisas como Celtic Frost, Saint Vitus, Christian Death , Candlemass e também bandas mais “novas”, como Sunn O))), Opeth e etc. É por aí? Essa “unicidade” das músicas acabou sendo intencional?

Erick Cruxen – Tais influências são naturais; estão presentes, pois ouvimos essas bandas em nosso cotidiano, principalmente o Bathory (risos). Não forçamos isso nas composições, elas surgem como uma mescla de referências que trazemos conosco, em diversas áreas e atividades diárias (cinema, literatura, artes visuais…)

Movin’ Up –  Apesar de terem rodado um pouco pelo Brasil, o Labirinto costuma ser muito bem recebido lá fora, o que se traduz nas diversas turnês por Estados Unidos, Europa e outros cantos. Como é a relação de vocês com o público, as bandas e a atmosfera que encontram por lá? O melhor mercado para o Labirinto é mesmo fora do Brasil?

Erick Cruxen – Creio que o som que façamos seja mais conhecido e acessível na gringa; apesar de ter melhorado muito por aqui. Contudo, a maioria das resenhas e notícias sobre o Labirinto, ainda, são publicadas no exterior. Somos muito bem recebidos e trados por bandas, produtores e público; principalmente, no Canadá e Europa, onde as nossas apresentações tiveram mais repercussão. Fizemos muitas amizades e contatos por lá, ao longo dos anos. Estamos muito contentes com o nosso público, tanto no Brasil, como na gringa.

httpv://www.youtube.com/watch?v=Gw7QxwCmDAI

Movin’ Up – Sobre o projeto Lühm †††, o que você pode falar sobre ele? Há planos de lançar um disco em breve?

Erick Cruxen – Há tempos desejamos montar um projeto paralelo ao Labirinto, para poder experimentar e tocar outras ideias.  Apesar de possuirmos referências semelhantes nas duas bandas, as composições são menos “lapidadas”, apresentando mais espaços para improvisações, experimentações e incursões eletrônicas. E como a banda é menor (eu e a Muriel do Labirinto, e o Rodrigo Florentino do n0x3o) podemos tocar em espaços pequenos, onde o Labirinto não “caberia”.

Foi muito bacana engendrar o Lühm; conseguimos fazer alguns shows com o thisquietarmy, durante sua tour pelo Brasil, e agora voltaremos a fazer algumas apresentações. Estamos começando a gravar um disco cheio, esperamos lançá-lo até novembro.

Movin’ Up – Quando teremos um novo disco full do Labirinto e como andam os trabalhos no Dissenso Studio? Após trabalharem com tantos produtores renomados, tem algum preferido para a próxima empreitada?

Erick Cruxen – Pretendemos lançar o disco full do Labirinto no segundo semestre do ano que vem. Queremos fazer mais uma tour antes de terminá-lo. Gostamos muito de trabalhar com o Greg Norman (Anatema), Paulo Penov (Kadjwynh) e o Tony Doogan (Split) nas mixagens; e o Bob Weston na masterização (Anatema e Kadjwynh). Provavelmente, voltaremos a trampar com alguns desses caras no próximo disco (risos).

O Dissenso Studio ainda não está 100% pronto. Estamos recebendo trabalhos de diversas áreas, e estilos de músicas, principalmente relacionados à televisão. Em breve, estará operando a todos vapores.

Jornalista investigativo, crítico e escritor. Publico sobre música e cultura desde 2003. Fundei a Movin' Up em 2008. Escrevi 3 livros de contos, crônicas e poemas. Venci o Prêmio de Excelência Jornalística (2019) da Sociedade Interamericana de Imprensa na categoria “Opinião” com ensaio sobre Roger Waters e o "duplipensar brasileiro" na Movin' Up.

Published in Destaques Entrevistas