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Lianne La Havas: Is Your Love Big Enough?

Lianne La Havas – só o nome já conquista, a despeito da minha predileção por nomes que começam com a letra L – é dessas coisas que receberam alguma atenção na Inglaterra e outros cantos e ainda não chegou ao boca boca da internet. Um Mercury Prize ali, uma apresentação num Jools Holland acolá, críticas positivas no Guardian, um bom disco que passou batido pelos brasileiros.

Aos 24 anos, Lianne é filha de pai grego e mãe jamaicana e sabe bem o que está fazendo. Ao contrário das duas últimas “divas” do pop, Lianne foge do estilo bombshell junkie neo-soul de Amy Winehouse e da pegada cult vintage blasé de Lana Del Rey. Liane, com essa carinha de menina descobrindo o mundo, chega suave com seu vocal maravilhoso que usa com parcimônia, brincando com o jazz, R&B, folk e pop, principalmente, com um tempero gospel. Bebe na tradição de uma Me’Shell Ndegéocello, pra ficar numa referência dos últimos 20 anos e encontra alguma irmandade com Corinne Bailey Rae.

“Lost & Found”, o carro chefe do trabalho, é aquele single feito para te amaciar. E funciona perfeitamente:

httpv://www.youtube.com/watch?v=ou5uZjDNEko

“Forget”, que teve o dedo de David Sitek, do TV On The Radio, é mais aquele “indie uptempo quebrado” para agradar a paladares mais jovens, fugindo da atmosfera “música contemporânea adulta” – perfeitinha pra tocar na Antena 1 – que o disco carrega. Lembra bem Kimbra em “Vows”, outra irmã em armas, diga-se.

httpv://www.youtube.com/watch?v=qPrdfvBVaA8

Cantando sobre experiências amorosas com o lirismo de uma menina crescida, Lianne tem jeito de quem chegou para ser reconhecida e merece atenção. “Is Your Love Big Enough”, apesar de algumas canções pueris, ainda cruas e repetitivas, é uma delícia de disco, com altíssimo “drinkability”, se é que vocês me entendem.

httpv://www.youtube.com/watch?v=5CZNY52Jf60

Jornalista investigativo, crítico e escritor. Publico sobre música e cultura desde 2003. Fundei a Movin' Up em 2008. Escrevi 3 livros de contos, crônicas e poemas. Venci o Prêmio de Excelência Jornalística (2019) da Sociedade Interamericana de Imprensa na categoria “Opinião” com ensaio sobre Roger Waters e o "duplipensar brasileiro" na Movin' Up.

Published in Descobertas