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“Blackstar” e “Lazarus”: David Bowie (ainda) no auge

David Bowie já poderia ter se aposentado ainda nos anos 80. De “The Man Who Sold The World” (1970) até “Let’s Dance” (1983) Bowie lançou a polpa da sua discografia: 13 discos (1 por ano) que constituem uma das coleções de álbuns mais impressionantes, variados, ousados (insira aqui seu adjetivo preferido) da música no século XX. Ali, Bowie cravou seu nome eternamente no panteão da música pop, experimental, do rock, do diabo a quatro.

Desde então, como aconteceu com 101% dos artistas surgidos nos anos 60/70, o que se seguiu foi uma obra extremamente irregular, com um ou outro momento de destaque. Pouco importa, é verdade. Não só ninguém fica no auge por duas décadas como pouquíssimos tem uma discografia comparável a de Bowie. “The Next Day”, seu retorno em 2013 após 10 anos sem gravar foi recebido com elogios merecidos. É um belíssimo disco de “art rock/pop” digno da história que construiu.

Bowie já fez mais do que suficiente, portanto. Ao que tudo indica, não se apresentará mais ao vivo (e certamente não em longas turnês). Mas eis que David nos presenteia com novo material. E de excelente qualidade. O novo disco, “Blackstar”, previsto para sair dia 08 de janeiro, já teve a faixa-título e a novíssima “Lazarus” divulgadas. As duas músicas são o que de melhor Bowie fez em muito, muito tempo. Lembra a época de “Station To Station” (76) e a “trilogia de Berlim”, formada por “Low”, “Heroes” e “Lodger”: experimental, dark, longas, variadas. Duas gemas pop que ninguém é capaz de fazer, exceto ele. Do nível que raros veteraníssimos ainda conseguem produzir. Bowie apronta de novo e tudo indica que “Blackstar” irá direto pras cabeças de melhores discos de 2016.

httpv://www.youtube.com/watch?v=kszLwBaC4Sw

httpv://www.youtube.com/watch?v=ZSt9RDIIa0k

Jornalista investigativo, crítico e escritor. Publico sobre música e cultura desde 2003. Fundei a Movin' Up em 2008. Escrevi 3 livros de contos, crônicas e poemas. Venci o Prêmio de Excelência Jornalística (2019) da Sociedade Interamericana de Imprensa na categoria “Opinião” com ensaio sobre Roger Waters e o "duplipensar brasileiro" na Movin' Up.

Published in Mundo