Ontem eu faltei ao futebol
E ao chopp com os amigos
Desprezei momentos de lazer
E paz tão merecidosMe furtei da farra apostandando
Em relações futuras
E animado fui ao meu
Primeiro encontro às escurasQuando vi a deusa em minha frente
Incorporei Da Vinci
Mandando uma mensagem do além
Tentando me dizerNua, pinte ela nua
Como se fosse sua
Sorrindo afim
Nua, com todas as cores
Sejamos pintores, pinte ela por mimHumilde eu disse mestre me desculpe
Eu não sou pintor
Não sei se você sabe, na verdade
Eu sou compositorAo invés de tintas e pincéis
Eu tenho um violão
E pra eternizar uma mulher
Eu faço uma cançãoNua, eu canto ela nua
Como se fosse a lua
Nos braços do sol
Nua, no meu universo
Sorrindo no verso, na paz do meu sol
Fala a verdade: as chances de você achar que Erasmo Carlos é só aquele parceiro mais ou menos do Roberto Carlos (que talvez nem goste) é grande. Heresia máxima. Então faça o “Encontro Às Escuras” aí acima, só que com a música do tremendão. Erasmo está inspirado. “Rock N’ Roll”, quem diria, é um grande disco.
Um rock digno e cativante que 70% das bandas com 1/3 da idade do mestre não conseguem fazer. “Jogo Sujo”, “Cover De Mim”, “A Guitarra É Uma Mulher”, “Um Beijo é um Tiro” , “Noturno Carioca” e “Mar Vermelho” que o digam.
Há, claro, um certo ar de rock dos anos 50/60. Como ele mesmo brinca em “Cover de Mim”. Mas o disco jamais se restringe a isso. Há peso e baladas. Riffs, solos, bases cativantes. Tudo que um bom álbum do gênero precisa ter. “Rock N’ Roll” é um belo exemplo de um cara que já conquistou prestígio, grana e ralou o suficiente para curtir uma aposentadoria sossegada, mas ainda tem tesão pelo que faz. Sorte a nossa.
Só por isso Erasmo merece créditos. Muitos créditos.
E pra completar o ano do tremendão, EC lançou também “Minha Fama De Mau”, livro em que conta as partes “picantes” da sua biografia, além de outras coisas. 60’s is the new 20.