Ao contrário de tantos rockstar’s – e Plant foi um dos maiores entre eles – Robert Anthony Plant soube envelhecer. É de se imaginar que quando você atinge o panteão da música pop, crava seu nome na história do século XX e se torna ícone imortal de um estilo, com todos os benefícios e o inferno que isso traz, você pode fazer o que quiser depois. Normalmente, vem a decadência após o ápice. Não para ele.
Com o fim trágico do Zeppelin no fim da década de 70, Plant logo emendou carreira solo de respeito. Se não são obras que se firmaram na história a ponto de serem consideradas “memoráveis”, seu trabalho solo nunca ficou perto do ruim nos 6 álbuns que lançou entre 82 e 93. Depois, retomou a parceira com Jimmy Page, gerando no reconhecido “projeto” Page & Plant até voltar para a estrada solo com “Dreamland”, em 2002. Ou seja, Plant nunca deixou de produzir. Nunca teve um hiato considerável desde 1968, quando ensaiava os primeiros passos com a “Band Of Joy”, que dá nome ao novo disco. Referência óbvia, direta, escancarada: “estou lançando um disco de raízes”.
“Raising Sand”, de 2007, ao lado de Alisson Krauss, foi unanimidade de público e crítica, já no folk, gerando um dos discos mais – merecidamente – elogiados da década. “Banda Of Joy” traz Plant se aprofundado na fórmula do folk, country, rock, etc. Ao lado de nomes referência como Patty Griffin, Plant produziu um autêntico tributo a este tipo de música: de canções tradicionais como “Cindy, I’ll Mary You Someday” e “Satan Your Kingdom Must Come Down” – arrepiante – até interpretações belíssimas do Low, um grupo da década de 90, como a soturna “Silver River” e “Monkey” e uma pequena pérola de Townes Van Zandt como “Harm’s Swift Way”.
“Central Two-O-Mine” é a única com assinatura de Plant, ao lado de Buddy Miller, e faz muito bonito. Sem um único momento abaixo da média e muitos pontos altos, “Band Of Joy” é um tributo legítimo de Plant ao seu passado, à música, assumindo a figura de um crooner absurdo.
Com 62 anos de idade, é um deleite ver que Plant ainda conserva muito do que o tornou um ícone e nem pensa em parar de produzir, para nosso agradecimento eterno. Como uma pequena jóia que cai no seu colo, “Band Of Joy” é um dos melhores discos do ano. Ouça.