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RIP: Daevid Allen, 77, loki e mestre

O australiano Daevid Allen se foi nesta sexta-feira, após renegar uma batalha contra o câncer, por escolha própria. Aos 77, Allen é, reconhecidamente, um dos maiores gênios da história do rock progressivo, conquistando uma carreira longeva após se radicar na França e montar o Gong, líderes do movimento conhecido como “Canterbury Scene”. Allen ainda participou da fundação de outro monstro, o Soft Machine.

Misturando jazz fusion, psicodelia, space rock, avant-garde e improvisação, com letras muitas vezes sem sentido ou simplesmente absurdas, Daevid Allen revolucionou a música moderna no âmbito da contracultura que emergia no fim dos anos 60 e no desenvolvimento do progressivo ao longo da década de 70, sendo a trilogia “Radio Gnome Trilogy”, que inclui os álbuns “Flying Teapots”, “Angel’s Egg” e “You”, a obra mais conhecida do Gong, que contou com inúmeros integrantes além de Allen durante as 5 décadas de existência do grupo.

Nos últimos anos, Allen excursionou bastante com o Gong pelo mundo, inclusive no Brasil e o último disco é o bom “I See You”, de 2014. O progressivo perde um dos seus maiores mestres, uma mente inquieta e imprevisível, que colocava nos registros em estúdio e nos shows ao vivo a essência vanguardista e de experimentação que os consagraram.

Allen é único e uma perda irreparável, de uma época em que a neo-psicodelia está em evidência, ainda que nem sombra do que gente como Allen, Roky Erickson, Captain Beefheart e tantos outros fizeram.

Ouça:

httpv://www.youtube.com/watch?v=3UArtHsvL50

httpv://www.youtube.com/watch?v=u0AhjPHGbLU

httpv://www.youtube.com/watch?v=A-pjcqjeTeI

Jornalista investigativo, crítico e escritor. Publico sobre música e cultura desde 2003. Fundei a Movin' Up em 2008. Escrevi 3 livros de contos, crônicas e poemas. Venci o Prêmio de Excelência Jornalística (2019) da Sociedade Interamericana de Imprensa na categoria “Opinião” com ensaio sobre Roger Waters e o "duplipensar brasileiro" na Movin' Up.

Published in Mundo