Com seus 4 primeiros discos, lançados entre 92 e 96, Richard D. James, o nome por trás do Aphex Twin, cravou seu nome entre os principais inovadores da música eletrônica, que, bem da verdade, ainda engatinhava para novos horizontes.
“Drukqs” foi o último lampejo em full-album de Richard, recebido com menos empolgação em 2001. Se “retirando” da cena para gozar os privilégios do status alcançando, vieram EP’s esporádicos e gravações sob diversos pseudônimos, como Analord, AFX, The Tuss e Caustic Window.
A breve descrição disponível no Rate Your Music fala por si só:
“Richard D. James is quite simply one of the most talented, influential, prolific and enigmatic people to ever create electronic music. Arguably the Godhead of the entire ‘intelligent dance music’ movement, he crafted works that sounded so far ahead of their time that they could genuinely strain a listener’s credulity – and more than just that, he made a lot of them. His first four albums (and several EPs) are widely hailed as masterpieces of experimental electronica, and they cover sub-genres as diverse as minimalism, ambient, drum ‘n’ bass, pseudo-industrial and straight-up rave music – often within the confines of a single album. More recently, he’s drifted off the map to some extent, preferring to release sporadically, and often under psuedonyms, with the gap between proper album releases growing ever larger. And yet, his name carries so much weight that every release associated with him still demands immediate attention and excitement from listeners and critics alike.”
“Syro” chega de surpresa, celebrando uma carreira consolidada precocemente de um artista que ganhou o status de “lenda” tão rápido quanto a música eletrônica foi capaz de se dividir em subgêneros. Um ótimo exemplo disso está aqui.
10 grandes gêneros que se dividem em dezenas de raízes, misturas, etc e tal. Quanto disso é necessário, quanto disso corresponde a algo minimamente calcado no “mundo real”, quanto disso não é pura “sociedade do espetáculo” – apud Guy Debord – e quanto foi influenciado por Richard D. James?
Richard nunca recusou todo o confete que lhe foi jogado, apesar da aura de “obscuro”, “cult”, “inacessível”, “difícil” e “hermético”, todas características que, pelo contrário, ele fez questão de alimentar em cada lançamento, cada composição e cada ponto que compõe o conjunto da sua trajetória.
httpv://www.youtube.com/watch?v=IgniPyIVtx4
“Syro” chega brincando com o “minimalismo pretensioso” desde a capa. O nome das faixas parece uma espécie de versões inacabadas de projetos salvos no Ableton Live, o software queridinho dos DJ’s. “XMAS_EVET10 (thanaton3 mix)”, “4 bit 9d epi+e+6”, “syro u473t8+e (piezoluminescence mix)” e “s950tx16wasr10 (earth portal mix)” são exemplos.
Como Brian Eno nos anos 70 e 80, especialmente, que definiu as bases da música eletrônica “ambient”, Richard D. James pega todo esse background e leva a outro nível: sua “missão” desde os primeiros trabalhos, com mais ou menos sucesso.
“CIRCLONT14 (shrymoming mix)”, “PAPAT4 (pineal mix)” e “180db” são alguns dos melhores momentos, numa colagem de beats intrincados, em BPM’s variados e dignos da história do Aphex Twin, quando funcionam. Contudo, “Syro” se perde na própria pretensão.
Não dá para negar o talento de Richard, mesmo que enfrente pouca concorrência num meio dominado por meia dúzia de gente muito eficaz em copiar e colar. “Syro” não é arremedo de música. A produção primorosa e a capacidade comprovada de James em construir o que bem entende fala alto, mesmo para um público acostumado a celebrar mediocridade como a melhor coisa disponível.
Assim, e com méritos, Richard David James permanece no topo estampando seu típico sorriso largo e ameaçador.