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Melhores da Década: Morphine – The Night (2000)

Para usar um termo típico do meio musical “The Night” foi o “canto de cisne” do Morphine. Trágico e sombrio pelas próprias circunstâncias. Lançado um ano após a morte do baixista/vocalista/fundador Mark Sandman de ataque cardíaco durante um show em Roma.

Felizmente, “The Night” estava quase pronto antes disso (com Sandman compondo todas as canções, diga-se). E o resultado é um álbum tanto digno dos clássicos da década de 90 quanto fresco o suficiente para adicionar outros tons na paleta cinza do trio. Principalmente a presença de mais instrumentos de corda (cello, violino) e os backings femininos dentro de uma produção crua e rústica na medida sem jamais soar tosca.

Cultuado no meio independente desde o nascimento, o Morphine nunca alcançou “sucesso” considerável, apesar das críticas positivas no mainstream. Nada de mais: sua música sempre foi não comercial, não óbvia, quase não pop. Sem guitarras, substituídas pelo sax, (+ baixo, bateria e outras participações) o Morphine sempre soa como algo ideal para um clube boêmio numa madrugada fria, becos escuros/luz baixa, clima intimista e lento. Deliciosamente lento.

Longe da pressa, da velocidade, do desespero em entregar algo “forte”, agressivo e pretensiosamente “moderno”. Desde a abertura com a faixa título, até “Top Floor, Bottom Buzzer”, “A Good Woman Is Hard To Find”, “I’m Yours, You’re Mine” (uma das melhores músicas da década) e “Take Me With You”, o álbum está recheado de pequenas obras primas, canções que flertam com a melancolia sem jamais se entregar a ela.

Difícil pensar numa despedida melhor.

And all across that line. Stretched between your bed and mine.
All alone just for tonight. I’m yours and you’re mine.

Published in Destaques Melhores Da Década (2000-2009)